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‘Traga sua sogra’: O plano da Índia para que mulheres não deixem de trabalhar

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MUMBAI – Programas como o “Traga sua sogra para o trabalho” ou “Leve o bebê em sua viagem de negócios”, licenças maternidade mais longas e subsídios para creches são algumas das iniciativas adotadas por empresas na Índia para evitar que as mulheres deixem o trabalho quando se casam ou têm filhos. No momento em que o governo indiano também se prepara para ampliar a licença maternidade remunerada obrigatória para seis meses e meio — uma das mais longas do mundo —, várias companhias também a estão prolongando preventivamente.

Claro que não é de graça, reter as funcionárias é um ponto-chave para as empresas: conforme as indianas adquirem um nível de educação mais alto e as famílias se tornam mais prósperas, a porcentagem de mulheres que trabalham caiu de um nível que já estava entre os mais baixos das economias emergentes.

Ao mesmo tempo em que o fenômeno é verificado nos Estados Unidos e outros países, o que está em jogo na Índia é a promessa de um crescimento econômico mais sólido e rápido: de até 2 pontos percentuais mais alto, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econônico (OCDE). A consultoria McKinsey Co. inclusive alega que, com a igualdade entre os trabalhadores, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) da Índia em 2015 poderia ser 60% superior se o status da mulher continue nos níveis atuais.

“A maioria dos cálculos indica um aumento significativo do PIB indiano se as mulheres entram e permanecem na força de trabalho em maior quantidade”, afirmou Rohini Pande, economista e professora de políticas públicas da Universidade de Harvard. “O que é crucial, a maioria das pesquisas públicas indicam que as mulheres indianas querem trabalhar”.

ROTINA COM A SOGRA

As iniciativas que as ajudam a seguir no mercado são decisivas, já que permitem às companhias reter trabalhadoras talentosas nos picos das carreiras. As sogras podem pressionar as mulheres para que as mulheres não saiam de casa e se ocupem de tarefas familiares. Por isso, o departamento de Cuidado da Saúde da General Electric na Índia, que fabrica equipamentos médicos, lançou um programa que permite levá-las ao escritório para ver o que as noras engenheiras fazem durante o expediente.

“O efeito foi bastante impressionante”, declarou Ipsita Dasgupta, diretora comercial da GE para o sul da Ásia, em uma conferência em Nova Déli no ano passado. “Vimos que as mulheres voltaram e diziam ‘Agora minha sogra grita ao meu marido: leve você o jantar à mesa! Ela tem algo importante para fazer amanhã de manhã.”

A TeamLease, empresa de recursos humanos com sede em Bangalore, cobre os gastos de levar os filhos menores de 5 anos e uma cuidade para as mulheres que realizam viagens de negócios. Depois de experimentar o programa levando em conta as necessidades específicas, a empresa implementou formalmente no fim do ano passado para os 1,1 mil empregados, dos quais 40% são mulheres, afirmou Rituparna Chakraborty, vice-presidente sênior da companhia.

“Notamos que especialmente em vendas, muitas mulheres talentosas e de excelente desempenho deixam de trabalhar quando têm um filho ou se casam”, afirmou Rituparna. “Como empresa, não implica em grandes custos adicionais quando fazemis isso, em comparação com as vantagens de que elas se rendem e se envolvem com o trabalho”.


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