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Setor financeiro investe em bancos digitais sem agência

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SÃO PAULO – De olho nos consumidores que procuram agilidade e menos burocracia para abrir contas, fazer aplicações e obter crédito, bancos de menor porte estão investindo milhões para se tornarem cada vez mais digitais. Sem agências físicas, apostam na internet como ferramenta para crescer e fisgar a clientela dos grandes bancos, onde mais de 70% das transações já são realizadas pela web.

– A utilização dos serviços digitais não é mais uma tendência, mas uma realidade. Não tem volta e os grandes bancos é que vão ter que se mexer novamente para não perder clientes para esses chamados bancos digitais – diz João Augusto Salles, especialista no setor bancário da Lopes Filho Consultores.

Na semana passada, o grupo J&F, que controla entre outras empresas a JBS, maior processadora de carne do mundo, anunciou o relançamento de seu banco Original. Criado inicialmente para oferecer crédito a fornecedores da empresa, o Original ressurge agora como um banco 100% digital, sem agências.

À frente da empreitada está o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, presidente do Conselho da J&F, holding do grupo.Ele explica que foram investidos R$ 600 milhões no novo projeto e acredita que a web é o caminho para ganhar clientes, mesmo na crise que o país atravessa.

O Original tem 5,5 mil clientes, e Meirelles espera que, em uma década, este número chegue a 2 milhões. Para ele, os bancos digitais devem crescer nos próximos anos, assim como cresceram as companhias de e-commerce, que surgiram como pequenas e se popularizaram.

– Somos o primeiro banco do mundo onde se pode abrir conta pelo celular. Há uma nova oportunidade de crescimento no segmento financeiro pela via digital, depois da consolidação dos grandes bancos – diz Meirelles.

O executivo aposta na agilidade para fazer todas as operações que o banco vai oferecer. Tanto que o garoto-propaganda da instituição é o velocista Usain Bolt.

O Original vai oferecer abertura de conta corrente, produtos de investimento de renda fixa, renda variável e até mesmo crédito. A diferença é que o cliente pode fazer tudo pelo celular, tablet ou notebook, sem precisar ir a agências e enfrentar filas. As taxas cobradas, diz, serão bastante competitivas.

A XP Investimentos se prepara para lançar um banco focado em crédito até o fim deste semestre. Será o primeiro passo para a consolidação de um banco digital. A XP já oferece investimentos, como renda fixa e variável, através de sua plataforma digital.

– Vamos acoplar uma plataforma de banco à nossa plataforma de investimentos, onde o cliente já faz suas operações pelos canais digitais – diz Guilherme Benchimol, sócio da XP.

O investimento inicial no projeto é de R$ 100 milhões. Segundo Benchimol, clientes com aplicações poderão usar os recursos como uma espécie de garantia para obter crédito, o que vai permitir cobrar taxas menores. Acredita que, em seis meses, será possível oferecer de R$ 300 milhões a R$ 500 milhões em crédito.

Há 20 anos no mercado, o banco de investimento Modal criou, em outubro passado, um canal de investimento digital para o varejo. Trata-se do home broker Modalmais. Esperava atrair 2 mil pessoas em 12 meses, mas em apenas três meses a meta foi batida. A plataforma oferece investimento em títulos do Tesouro Direto, fundos e produtos do banco, como remessa de câmbio.

É possível investir pela plataforma a partir de um mínimo de R$ 1 mil em CDB, por exemplo. Há novidades tecnológicas como a possibilidade de conversar com o gerente via whatsaap.

– Não vimos esse recurso do whatsaap em nenhum outro banco do mundo. Não temos a intenção de ser um banco de varejo, mas essa ferramenta digital nos fará crescer nesse segmento – diz Rodrigo Puga, sócio responsável pela Modalmais.

Para o especialista do setor bancário João Augusto Salles a tendência é que os investimentos no setor sejam cada vez em operações na web:

– O crescimento dos bancos se dará pela via digital.


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