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Presidente do IBGE soube de destituição do cargo por meio da imprensa

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RIO – A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, disse nesta quarta-feira que ficou sabendo de sua destituição pela imprensa. Em entrevista coletiva, a técnica afirmou que só recebeu uma ligação do Ministério do Planejamento na noite de terça-feira, depois de já ter conversado com seu sucessor, o economista Paulo Rabello de Castro. Ela disse ainda que se reunirá com o novo presidente do órgão no próximo dia 10, mas não sabe quando será exonerada.

— Infelizmente, a forma como esse processo ocorreu foi muito pouco protocolar. Fiquei sabendo através da imprensa. O Rabello de Castro me ligou disse que iria substituir e só muito mais tarde o ministério me ligou — disse Wasmália, que acrescentou que não foi procurada pelo presidente interino, Michel Temer.

Visivelmente emocionada, Wasmália disse que não estava esperando a troca de comando, após ter sido confirmada no cargo pelo ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá, afastado após ter sido flagrado em gravações em que supostamente sugeria o freio das investigações da Operação Lava-Jato. A pasta está sendo comandada interinamente por Dyogo Oliveira, que foi o responsável por comunicar a troca da comando a Wasmália.

A presidente do IBGE comentou ainda o fato de seu sucessor não ser um funcionário de carreira do órgão. É a primeira vez que um profissional de fora comanda o instituto nos últimos 13 anos. Wasmália disse que essa características tem vantagens e desvantagens. Pelo lado negativo, disse que é possível que ele demore mais para conhecer o corpo técnico. Já uma possível vantagem seria o acesso direto à Presidência da República: segundo Wasmália, Rabello de Castro tem bom trânsito com o Planalto.

— Já entendemos que o novo presidente tem acesso direto à Presidência da República. Isso pode trazer uma vantagem, pois ele pode ir diretamente ao presidente da República e informar as condições do IBGE. O que pode se constituir numa tremenda vantagem institucional, que pode trazer para a casa os recursos que hoje a casa necessita — disse Wasmália.

Questionada se esse suposto acesso direto à presidência poderia se transformar em uma interferência política sobre o órgão, Wasmália rebateu:

— Se isso se configurasse numa intervenção política dentro do IBGE, não estaria marcando reunião com o novo presidente —afirmou.

Pouco antes de falar com os jornalistas, Wasmália divulgou uma nota de despedida. No documento, divulgado durante o anúncio dos dados do PIB, Wasmália destacou as restrições orçamentárias do órgão nos últimos anos e as pesquisas introduzidas pelo instituto nesse período, como a Pnad Contínua, que traz dados nacionais sobre emprego e renda, substituindo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

“Nesses últimos anos, apesar dos desafios impostos por constantes restrições orçamentárias e de pessoal, alcançamos importantes realizações, tendo sempre por premissa a ideia de que as informações estatísticas e geocientíficas devem ser compiladas de forma imparcial, com autonomia técnica e política e acessíveis a todos em condições de igualdade”, diz Wasmália em nota.

Técnica de carreira do IBGE, Wasmália completou recentemente 30 anos como funcionária do órgão. Ela ocupou a presidência nos últimos cinco anos, e será substituída pelo economista Paulo Rabello de Castro.

Embora tenha saído do comando do órgão, Wasmália deve continuar no corpo técnico do IBGE: “Deixo a direção, mas continuo sempre ‘ibgeana’ — e com muito orgulhou”, diz a nota.


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