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Preço do açúcar cai em meio a especulação sobre corte na gasolina

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SÃO PAULO – O preço do açúcar atingiu uma mínima em três semanas nesta segunda-feira diante da especulação sobre um possível corte no preço da gasolina estudado pela Petrobras, o que poderia enfraquecer a demanda pelo etanol e pressionar fornecimento extra da commodity nos mercados internacionais.

A etatal avalia reduzir o preço do combustível a fim de reverter a queda na demanda interna e conter importações, conforme revelado pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim no domingo, enquanto houve forte reação entre os integrantes do Conselho de Administração da companhia, que não haviam sido informados previamente sobre a decisão.

Preços mais baixos da gasolina tornariam o etanol produzido da cana-de-açúcar menos atrativo aos consumidores, o que poderia prejudicar a demanda e estimular as usinas a produzir mais açúcar. No ano passado, a Petrobras elevou o preço da gasolina em 6% na tentativa de impulsionar a geração de baixa em meio à queda das cotações de petróleo. A medida teve impacto positivo para os produtores de etanol, que se tornou mais competitivo.

Os preços do açúcar com entrega para maio caíram até 3,6%, para US 14,64 na bolsa ICE Futures de Nova York, após atingir US$ 14,61, o menor nível para o contrato mais ativo desde 10 de março. O movimento segue duas semanas consecutivas de queda em meio à esperada melhora da oferta do país, onde a expectativa é que haja uma melhor colheita entre os produtores.

DÍVIDA DO ETANOL

Uma redução de preço da gasolina seria ruim para indústria do etanol, pois as companhias têm grande volume de dívidas contraídas quando os preços domésticos eram inferiores aos internacionais e não têm como lidar com um corte no preço do biocombustível, afirmou Plinio Nastari, presidente da consultoria Datagro, à Bloomberg nesta segunda-feira.

— A indústria tem usado a maior parte do seu dinheiro para pagar juros e não tem espaço para absover menores preços do etanol — disse o executivo.

VALORES EM QUEDA

A commodity avançou 5% em 2015, a primeira alta em quatro anos de queda que tiveram forte impacto sobre várias usinas com dificuldades financeiras pelo mundo e levou muitas a fecharem, incluindo fábricas menos eficientes no Brasil.

O fantasma de uma receita menor para indústria empurrou para baixo as ações de alguns dos maiores produtores do setor em São Paulo. A Cosan, que produz açúcar e etanol, teve o pior desempenho no índice Ibovespa, recuando 9%, a R$ 28,97. Já a São Martinho caiu 7%, a caminho da maior perda desde junho de 2009.

Se o preço da gasolina cair, “então espere que a paridade do etanol recue ainda mais e dê maior motivação” às usinas a produzir mais açúcar, afirmou Michael McDougall, diretor-sênior do Societé Generale em Nova York, à Bloomberg.


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