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PIB: recessão completa 2 anos mas 1º tri foi melhor do que previam economistas

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RIO – O desempenho da economia brasileira no começo deste ano, a despeito de ter completado dois anos de recessão, foi melhor do que previam os analistas de bancos e firmas de pesquisa. Esses economistas estimavam queda muito maior, de 0,8% no primeiro trimestre do ano, segundo a mediana de um grupo de 45 previsões compiladas pela agência Bloomberg.

Alguns especialistas chegaram a prever contração de 1,4% no período, como Neil Shearing, da britânica Capital Economics, e Thais Zara, da consultoria brasileira Rosenberg Associados. Os grandes bancos também estavam mais pessimistas, com o Safra calculando recuo de 0,9%, Santander e Itaú apostando em queda de 0,8% e o Bradesco, de 0,7%. Os únicos economista que acertaram nas previsões foram Silvia Mattos, do Ibre/FGV, e Thiago Carlos, da UBS Securities.

“A queda do PIB do Brasil no primeiro trimestre foi muito menor do que o esperado mas apenas por causa do salto nos gastos do governo. Com a expectativa de que a política fiscal seja apertada na segunda metade do ano, esse estímulo econômico vai desaparecer”, justificou Neil Shearing, da Capital Economics, aquele que segue sendo um dos mais pessimistas. “O resultado do primeiro trimestre não é tão bom quanto parece. Esperamos que as exportações líquidas continuarão proporcionando contribuições positivas no restante do ano, enquanto o investimento deve se estabilizar. Mas os gastos do governo de das famílias vão continuar sob pressão. A segunda metade deste ano deve apresentar alguma estabilidade nas taxas trimestrais do PIB mas qualquer recuperação, quando vier, será fraca e frágil.”

A alta do consumo do governo foi de 1,1% e, segundo o IBGE, é explicada por um corte menor nas despesas públicas, após quatro trimestres de reduções mais intensas. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, os gastos do governo caíram 1,4%, recuo menos intenso que o de 2,9% registrado no quarto trimestre, também frente ao mesmo período do ano anterior.

— Estava havendo uma redução, que continuou no primeiro trimestre, mas como ela foi menor, comparando com o trimestre imediatamente anterior, dá essa subida. O governo estava fazendo uma contenção da despesa de consumo. Essa contenção continuou, mas ela foi menor do que ocorrido no trimestre anterior, que tinha sido a mais forte desde o início da série histórica. Durante o ano passado todo, o governo restringiu as despesas de consumo em relação ao ano anterior — explicou Rebeca Palis, coordenadora da Contas Nacionais do IBGE.

‘BRASIL REPETE DÉCADA PERDIDA EM APENAS DOIS ANOS’

Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a retração econômica brasileira foi de 5,4% nos três primeiros meses do ano. Essa foi o oitavo recuo consecutivo desse indicador, fazendo com que a recessão — acúmulo de trimestres negativos — completasse dois anos.

“Em apenas dois anos, entre o segundo trimestre de 2014 e o primeiro de 2016, a queda no PIB real per capita se aproxima dos dois dígitos, superando o recuo de 7,6% acumulado na chamada “década perdida dos anos 1980″ (período que, na verdade, somou 12 anos, entre 1981 e 1992”, escreveu hoje o economista-chefe para América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos. “Com a contração da atividade no primeiro trimestre deste ano, atingimos alguns marcos: uma recessão de dois anos que fez com que o PIB voltasse aos níveis do 4º trimestre de 2010 e com um recuo real per capita de 9%.”

MENORES QUEDAS EM MAIS DE UM ANO

Mas a economia brasileira também trouxe outros destaques positivos. Em alguns segmentos, a retração foi a menor em vários meses, por exemplo. É o caso da indústria. Com queda de 1,2% no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre de 2015, o setor registrou o menor recuo desde os três primeiros meses do ano passado, quando registrou o mesmo resultado. O setor de serviços também teve resultado melhor. A queda de 0,2% no trimestre foi a menos intensa dos últimos cinco trimestres e o melhor desempenho desde a discreta alta de 0,1%, registrada no quarto trimestre de 2014.

Pela ótica da despesa, um dos destaques foi a formação bruta de capital fixo (FBCF), um indicador de investimento, que recuou 2,7% no trimestre. A queda, porém, foi a menos intensa desde o recuo de 0,7% do quarto trimestre de 2014. As exportações aumentaram 6,5%, melhor resultado desde os 12,6% do primeiro trimestre.


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