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Diretor da Nippon Steel acusa sócio de ação ilegal na Usiminas

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SÃO PAULO – Uma das controladoras da Usiminas, a japonesa Nippon Steel & Sumitomo Metal (NSSMC) veio a público nesta terça-feira para denunciar que o processo de escolha do novo presidente da siderúrgica, Sergio Leite, em maio passado, foi “irregular e ilegal”. A empresa já entrou na Justiça pedindo a destituição de Leite, mas pela primeira vez o diretor na NSSMC, Yoichi Furuta, também membro do Conselho de Administração da Usiminas, falou sobre o assunto e publicou anúncio nos principais jornais do país denunciando a irregularidade.

Furuta afirmou que os sócios da Nippon da Usiminas, os ítalo-argentinos da Ternium-Techint divulgaram informações “que não correspondem” à verdade para justificar a troca do antigo presidente, Rômel Erwin de Souza. Segundo a Ternium, a gestão de Rômel era ruim e ele deveria ser substituído.

— Rômel estava conduzindo a renegociação da divida da empresa com os bancos. Não havia sentido na sua substituição. Foi uma decisão ilegal e irregular do Conselho de Administração, que violou o acordo de acionistas, e portanto a administração anterior deve voltar — afirmou Furuta.

Este é mais um capítulo de uma briga entre os principais sócios da Usiminas, que já se estende há pelo menos dois anos. Por enquanto, não há saída à vista. Furuta disse que um acordo amigável seria muito melhor, mas existe uma diferença do modo de administrar e da governança pretendidas pela Nippon Steel e pela Ternium.

O diretor admitiu que uma das possíveis soluções seria uma divisão da Usiminas, mas isso não está em discussão. Ele disse que a Nippon pretende cumprir o contrato de acionistas, que vigora até 2031, mas reconhece que ‘o acordo não é perfeito’.

— Há uma diferença de raciocínio entre os sócios em relação a Usiminas. Para nós, a siderúrgica é uma empresa independente e vamos fazer de tudo para que se desenvolva. Para a Ternium, ela é apenas mais um negócio do grupo na América Latina que traz sinergia – disse Furuta.

Perguntado se a briga não atrapalha a tomada de decisões estratégicas, Furuta lembrou que mesmo com a posição contrária da Ternium, o aumento de capital da Usiminas foi aprovado, assim como a paralisação da produção em Cubatão, no litoral de São Paulo que era cara e prejudicava as finanças da empresa.

— Não é a situação ideal (a briga), mas é possível chegar a um acordo em decisões para a recuperação da Usiminas — afirmou.

Furuta afirmou que além da divisão da Usiminas outras duas alternativas para encerrar o conflito entre os sócios seria negociar uma política de governança que atendesse a ambos. A terceira opção seria a entrada de uma siderúrgica para fazer uma “reestruturação” no setor, com uma fusão ou aquisição. Mesmo assim, o diretor afirmou que não está nos planos da Nippon vender sua parte da Usiminas ou mesmo deixar o Brasil, onde a empresa já atua há 60 anos. Ele afirmou que não sabe quando o setor siderúrgico deverá apresentar uma melhora. Para ele, o setor precisa de ‘otimizações’ e que ela devrria ser conduzida em nível nacional, mas com o atual quadro político isso fica mais difícil.

Procurada, a Terniun ainda não se manifestou. Em nota, a Usiminas informou que o diretor-presidente da Usiminas, engenheiro Sergio Leite de Andrade, trabalha há quase 40 anos na empresa, mantendo um relacionamento de mais de 35 anos com a Nippon Steel e de mais de 25 anos com o grupo Techint.

“No momento complexo por que passa o setor siderúrgico e a Usiminas, Sergio Leite reafirma o seu compromisso, como tem feito nos últimos 40 dias, de trabalhar de forma isenta e de buscar, no que couber à Diretoria Executiva, o consenso entre os sócios”, diz o texto.

Sobre a indicação de conselheiros pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Furuta afirmou que a CSN é a principal concorrente da Usiminas e teria intenção de desestabilizar a companhia. A Nippon Steel recorreu à Justiça contra a decisão do Conselho Administativo de Defesa Econômica (Cade) que permitiu à CSN indicar os conselheiros. O diretor da Nippon Steel disse que a informação divulgada pela CSN de que os japoneses teriam vendido o controle da Usiminas para a Ternium em troca de contratos exclusivos ‘com partes relacionadas’ de até R$ 20 bilhões não procede. Ele disse que um comunicado mais completo sobre o assunto será divulgado em breve.

— Os dados estão errados. Não temos nem 1% dos contratos com partes relacionadas — disse Furuta.

Procurada, a CSN ainda não se manifestou.


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