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Com crise, volume de captações corporativas caem 69,1% no ano

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SÃO PAULO – A recessão econômica, a crise política e as incertezas externas praticamente congelaram o mercado de capitais no Brasil no mês passado. As emissões das empresas totalizaram apenas R$ 292 milhões, uma queda de 90,5% em relação a igual mês de 2015, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e Capitais (Anbima). Fevereiro também foi a primeira vez desde fevereiro de 2009, quando o mundo ainda enfrentava os efeitos da crise financeiro global, que nenhuma empresa emitiu debêntures (título de crédito que possibilita prazos mais longos).

As emissões ficaram restritas a notas promissórias (que possuem prazos menores) e títulos com alguma garantia, como os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Já no bimestre as operações somam R$ 5,534 bilhões, um recuo de 69,1% em relação aos dois primeiros meses do ano passado. Há também uma ausência nos últimos meses de oferta de ações (renda variável) e operações de renda fixa feitas no exterior.

A Anbima lembra que a perda do grau de investimento dificulta essas operações. A desvalorização do real também faz com que essa forma de captação fique mais cara para as empresas brasileiras. “O mais recente rebaixamento do rating soberano do Brasil, aliado à volatilidade do mercado internacional, não traz boas perspectivas para a retomada das captações internacionais por parte das companhias brasileiras, suspensas desde junho de 2015”, explicou, em nota, a entidade.

Para março, a associação já identificou ofertas de debêntures no valor de R$ 2,8 bilhões que devem ser feitas com esforços restritos de colocação, ou seja, quando são oferecidas a um número restrito de investidores. Esse instrumento, permitido pela instrução número 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permite maior agilidade na captação de recursos.

O ambiente de menor incerteza faz com que as empresas tenham menos interesse de fazer emissão devido aos custos elevados ou mesmo pelo menor apetite em realizar investimentos para ampliar os negócios. Do lado dos investidores, é natural que, com a incerteza, exijam um maior retorno. Nesse cenário, é natural que o prazo médio das captações caia. No ano, ele está em 3,3 anos, abaixo da média de 4,6 anos do ano passado e bem abaixo do registrado em 2012, quando o prazo médio chegou aos 6,1 anos.


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