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Estiagem histórica: Rio Negro continua secando e chega ao menor nível em 122 anos

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Estiagem histórica: Rio Negro continua secando e chega ao menor nível em 122 anos

Manaus – O Rio Negro, maior afluente do Amazonas e que banha a capital Manaus, enfrenta uma seca sem precedentes. Nesta sexta-feira, 4 de outubro, o rio atingiu o nível mais baixo registrado nos últimos 122 anos: 12,66 metros, segundo medições do Porto de Manaus. A marca reflete uma crise hídrica que afeta não apenas o meio ambiente, mas também a economia e a vida cotidiana da população. Desde o início da estiagem, as águas do rio têm baixado em média 19 centímetros por dia, agravando ainda mais a situação.

A redução drástica do volume de água tem causado impactos significativos. A Praia de Ponta Negra, um dos principais pontos turísticos de Manaus, foi interditada por questões de segurança. O turismo, que já sofria com a baixa temporada, enfrenta mais este desafio, resultando em prejuízos para o setor. Além disso, os grandes cargueiros que abastecem a cidade deixaram de atracar diretamente no porto. Agora, as mercadorias precisam ser transferidas para embarcações menores em áreas mais profundas, antes de serem levadas à capital, o que deve resultar em aumento de preços para os consumidores.

A seca também afetou a educação na região. Em setembro, 29 escolas localizadas ao longo do curso do Rio Negro tiveram suas atividades suspensas devido à dificuldade de acesso. O calendário escolar em outras 16 unidades localizadas no Rio Amazonas segue até o dia 18 de outubro, quando as aulas também devem ser encerradas, segundo a Secretaria de Educação Municipal.

Além dos desafios impostos pela seca, o estado do Amazonas enfrenta um número alarmante de queimadas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que, até o momento, há 164 focos ativos de incêndios no estado. Desde o início de 2024, foram registrados 22.344 incêndios no Amazonas, colocando-o como o terceiro estado brasileiro com o maior número de queimadas neste ano, atrás apenas de Mato Grosso e Pará.

Impactos históricos

O nível atual do Rio Negro já ultrapassou outras secas históricas. Antes de 2024, os piores níveis foram registrados em 1963, com 13,64 metros, e em 2010, com 13,63 metros. A marca de 12,66 metros, registrada agora, representa um novo recorde negativo, evidenciando a gravidade da crise hídrica.

Com o Amazonas sendo o quinto maior PIB do Brasil e sua capital abrigando a Zona Franca de Manaus, um importante polo industrial de eletrodomésticos, veículos e microcomputadores, os impactos econômicos são expressivos. A estiagem não só dificulta o transporte de produtos, mas também ameaça setores vitais para a economia local e nacional.

A combinação de estiagem extrema, queimadas e dificuldades logísticas agrava ainda mais a crise que assola o estado, levantando preocupações sobre o futuro da região e a capacidade de adaptação às mudanças climáticas que se tornam cada vez mais severas.


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