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Comando da PM-AM pode deixar os colégios estaduais e pais de alunos temem pelo pior

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Manaus- Pais de alunos das escolas estaduais administradas pela Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) temem que o comando da polícia abandone as unidades após a proibição de uso e captação de recursos pela Associação de Pais e Mestres do Colégio da Polícia Militar (APMC).

A proibição foi imposta por uma liminar (decisão rápida e temporária) da juíza Rebeca de Mendonça Lima que determinou, a pedido do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) que os gestores dos colégios administrados pela Polícia Militar deixem de cobrar dos pais ou responsáveis dos alunos “quaisquer taxas ou valores” para a Associação de Pais e Mestres.

A taxa, segundo os pais que protestaram para terem o direito de pagá-la, é cerca de R$ 40 por mês e é usada para manter uma série de serviços oferecidos nas escolas da Polícia Militar em Manaus.

Os pais relatam que, com a taxa, as escolas militares mantém o serviço diferenciado das demais escolar públicas como o pagamento de professores extras, reforço escolar, psicólogos, manutenção da estrutura do colégio, limpeza, câmeras de circuito interno, higiene da escola e até alimentação.

Os manifestantes, que se reuniram em frente a arena Amadeu Teixeira na manhã deste domingo, dia 17, relatam que as escolas militares nunca ficaram com aulas suspensas para reforma ou manutenção porque usam recursos deste fundo. Os pais citaram o destelhamento de vários colégios este ano e que os mesmos ficaram até um mês para reparar os danos. Disseram que, nas escolas militares, o problema foi rapidamente resolvido.

O autônomo Marcos Souza, 36, que tem um filho matriculado na escola da Polícia Militar na Compensa disse temer que o comando da PM-AM abandone as escolas por não terem mais estrutura para oferecer a mesma metodologia e qualidade de ensino sem a taxa.

Marcos Souza afirmou que seria ruim que os colégios militares passassem a ser “escolas comuns”.

“O dinheiro que o Estado repassa paga água, luz e alimentação, mas não é completa. O resto é mantido com o pagamento das taxas, que não é cara. Tenho medo que , com essa liminar, a polícia saia e se tornem escolas comuns”, disse.

O soldado da PM Israel Amorim, 34, que tem dois filhos matriculados na Colégio da PM-AM da comunidade Lagoa Azul disse que professores da rede estadual muitas vezes não querem dar aula na escola da polícia porque sabem do rigor que é cobrado deles.

“Professor cheirador de maconha não quer ir para lá, não”, disse.

Para o soldado, a Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), que esta semana fez audiência pública para tratar o tema, deveria se ocupar com os problemas dos presídios no Estado.

“Isso não é ninguém, não… São os colégios particulares que estão questionando isso. Lato Sensu, Idam que estão perdendo alunos porque cobram muito caro”, disse.

A microempreendedora Gleicy Matheus Pereira, 36, que é mãe de uma aluna do Colégio da PM-AM de Petrópolis, disse que há pais falando equívocos e distorcendo informações sobre as escolas. Ela disse que o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) deveria ouvir os dois lados dos pais, porque há muitos que são favoráveis à manutenção da taxa.

“Falaram que a escola pagava cursinho para alguns alunos prestarem vestibular. Isso não é verdade. Essa taxa serve para limpeza. Quando você vai na escola, ela está sempre limpa. Serve para pagar professores auxiliares. Os recursos nunca são suficientes”, disse.

Outra mãe de aluno, Mara Rejane Modesto, 47, afirmou que a maioria das escolas públicas não tem psicólogo exclusivo e às vezes um profissional desta área fica responsável pelo atendimento de alunos de 30 escolas. No colégio militar, segundo Mara Modesto, há psicólogos pagos com a taxa da APMC. Ela disse que as escolas contam com enfermagem e odontologia.

As mães relataram que as escolas da Polícia Militar conseguem que os alunos tenham rendimentos compatíveis com os estudantes de escolas particulares em vestibulares para universidades públicas e competições nacionais.

Segundo as mães, alunos da PM-AM já se destacaram em olimpíadas nacionais de matemática. Mara Araújo, 46, que tem um filho matriculado na escola da PM-AM na Cidade Nova disse que o filho dela saiu do Lato Senso para estudar na unidade. “Não me arrependo e nem o meu filho”, disse.

Idalece Damasceno da Silva disse que tem três netos que estudam na escola e se sente “tranquila” em relação ao futuro deles. Idalece acredita que a disciplina militar afasta os netos de problemas com drogas e delinquência.

“Ver os alunos na escola é a coisa mais linda. Você deixa no colégio e fica tranquila. Não tem problema com falta de professor, com falta de aula. Eu não paguei a taxa agora na matrícula, me senti constrangida de não pagar. Queremos pagar a taxa e vamos lutar por isso”, disse.

Fonte: BNC/AM


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