“Candidatos prejudicados”: Jornalista denuncia possível fraude no concurso da Câmara Municipal de Manaus; veja vídeo
Manaus – O concurso público da Câmara Municipal de Manaus (CMM), realizado no último domingo (17/11), está sendo alvo de graves acusações de irregularidades e má gestão por parte do Instituto Acesso, responsável pela aplicação das provas. A jornalista Edilânea Souza denunciou possíveis falhas na organização do certame, apontando erros nos gabaritos e discrepâncias nas provas de diferentes cargos, além de problemas logísticos que comprometeram a lisura do processo.
Edilânea, que prestou o exame para o cargo de jornalista, relatou incongruências graves: “Questões de português, raciocínio lógico e regimento interno são idênticas entre as provas de jornalista e designer, mas com respostas diferentes no gabarito. Como pode uma mesma questão ter respostas distintas para cargos diferentes?”, questionou. Ela também destacou mudanças inexplicáveis na ordem das questões entre a versão impressa, feita no dia da prova, e a divulgada posteriormente no site do instituto. “Se continuar assim, muitas pessoas serão prejudicadas, e a sensação de injustiça só aumenta”, lamentou.
Veja o vídeo:
“Se as questões das provas são as mesmas, as respostas não podem mudar. Isso não existe em concurso nenhum. É fraude ou não é?”, finalizou a jornalista que agora luta pelos seus direitos e espera que a CMM se pronuncie sobre os problemas.
Desorganização e denúncias de irregularidades
O concurso da CMM reuniu quase 20 mil candidatos em mais de 30 locais de prova em Manaus, com vagas para nível médio e superior. Contudo, o evento foi marcado por problemas que vão além dos erros apontados por Edilânea. Diversos candidatos relataram o fechamento antecipado dos portões, descumprindo o horário estipulado no edital, e confusões na logística.
Entre os prejudicados está uma candidata que veio de Curitiba exclusivamente para realizar a prova. “Investi tempo, dinheiro em passagens e hospedagem, e agora me sinto desrespeitada. Não sabemos se o concurso será cancelado ou se as falhas serão corrigidas”, disse a participante, que preferiu não se identificar.
Ação judicial do MP-AM por omissão de cotas raciais
Além das denúncias de candidatos, o concurso já enfrentava uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) na semana anterior às provas. A ACP aponta a ausência de cotas raciais no edital como uma “flagrante ilegalidade”, descumprindo normas nacionais e internacionais que garantem a reserva de vagas para negros, indígenas e quilombolas.
O promotor Antônio José Mancilha, responsável pela ação, enfatizou que a medida visa garantir os direitos previstos na Convenção Interamericana contra o Racismo, integrada ao ordenamento jurídico brasileiro em 2022. “A omissão da comissão do concurso e da CMM em implementar as cotas é um desrespeito aos princípios constitucionais de igualdade”, destacou.
Impacto para candidatos e incerteza sobre o futuro do concurso
A jornalista Edilânea Souza reforçou que os erros evidenciam a falta de preparo do Instituto Acesso e da gestão do presidente da Câmara, Caio André, para conduzir um processo de tamanha relevância. “Pagamos caro para participar de um concurso que deveria ser justo, mas nos deparamos com desorganização e incoerências. Isso não pode ser ignorado”, afirmou.
Ainda não há resposta oficial da CMM ou do Instituto Acesso sobre as acusações, e muitos candidatos aguardam ansiosamente por esclarecimentos. A possibilidade de cancelamento ou reaplicação das provas também é uma preocupação crescente entre os participantes.
Fraude ou incompetência? A explicação necessária
Edilânea encerra sua denúncia com um apelo: “A CMM precisa dar explicações claras sobre esses erros. Não existe liberdade para manipular informações nem ignorar a justiça e os direitos dos candidatos. Quem vai responder por nós? Como vamos confiar em um concurso público com tantas falhas?”
O futuro do certame, que prometia preencher vagas no Legislativo Municipal, segue indefinido, enquanto as denúncias colocam em xeque a credibilidade do processo seletivo e da própria Câmara Municipal de Manaus.