Crise no Rio Solimões: após pior seca em 42 anos, nível das águas continua baixo e erosão cria deslizamentos
Amazonas – A crise hídrica que afeta a região amazônica, com a queda constante no nível do Rio Solimões, segue gerando grandes preocupações em diversas cidades ribeirinhas. Nesta terça-feira (19), o rio atingiu a marca de 1,74 metros, um dos menores níveis registrados nos últimos 42 anos, o que está afetando diretamente a vida de milhares de moradores que dependem do rio para pesca, transporte e sustento.
Moradores de cidades como Tabatinga, Manacapuru e Benjamin Constant são os mais afetados, já que o Solimões tem grande influência sobre o nível de outros rios da região, como o Madeira, o Purus e o Amazonas. Especialistas apontam que o baixo nível do Solimões compromete a navegação e pode afetar a biodiversidade local. A falta de chuvas e a escassez de água nos rios criaram um cenário de insegurança para as famílias que vivem nas margens, além de ameaçar o comércio e o transporte fluvial na região.
O drama vivido pelos moradores da região foi intensificado por um deslizamento ocorrido em Manacapuru, no início de outubro, que resultou na abertura de uma enorme cratera no Porto da Terra Preta, às margens do Solimões. O desabamento provocou o desaparecimento de duas pessoas, uma criança de seis anos e um homem de 37, além de ferir outras dez pessoas, com oito delas já liberadas após atendimento médico.
Em relatos emocionantes, o pai da menina desaparecida, Letícia Correia de Queiroz, descreveu o pânico que tomou conta da família quando sua casa flutuante foi arrastada pela terra e desapareceu nas águas do rio. Ele e sua esposa estavam pescando no momento do deslizamento, mas seus três filhos estavam dentro do flutuante e, embora os dois mais velhos tenham sobrevivido, a criança de seis anos continua desaparecida. A situação gerou uma mobilização intensa das equipes de resgate, que contaram com mergulhadores e recursos adicionais enviados de Manaus.
Além dos danos causados pelo deslizamento, a seca extrema no Solimões tem gerado uma série de desafios logísticos e econômicos. O impacto dessa seca é sentido principalmente na pesca, um dos principais meios de subsistência para as comunidades ribeirinhas, que já enfrentam dificuldades de locomoção pela escassez de água nos rios. Para agravar a situação, os especialistas alertam que o comportamento do Rio Solimões pode afetar também a qualidade da água de outros rios que cruzam a região, ameaçando a saúde pública.
A crise hídrica, a escassez de recursos e os recentes desastres têm gerado uma forte mobilização entre os órgãos de resgate e as autoridades locais, enquanto as comunidades amazônicas tentam lidar com uma das piores secas da história da região.