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Por que os ouvidos doem em viagens de avião e como fazer para reduzir este incômodo

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RIO – Há um aspecto que une o passageiro da primeira classe ao que senta na poltrona do meio da última fileira da classe econômica de um avião: aquela dor chata no ouvido, a cada pouso e decolagem. O democrático incômodo é fruto da rápida mudança de altitude, à qual todo avião é submetido. Mas é possível amenizá-lo e até mesmo evitar que ele se torne um problema de saúde mais grave.

Para saber por que o ouvido dói é preciso entender como ele funciona. No fim do canal auditivo está o tímpano, a fina membrana que capta as vibrações do ar que serão decodificadas em sons pelo cérebro. Ele separa a parte externa do aparelho auditivo do ouvido médio, onde está uma das extremidades da Trompa de Eustáquio, uma ligação até o nariz e a garganta por onde o ar circula. É por este canal que o ar entra ou sai do ouvido, fazendo com que a pressão interna esteja ajustada com a externa.

A mudança brusca de pressão, natural quando um avião sobe ou desce milhares de metros em questão de segundos, faz com que a trompa se feche e o tímpano se retraia, causando a dor. Após a decolagem, a pressão da cabine gradualmente se torna menor que a do ouvido, e o tímpano infla para fora. Na descida, o efeito é inverso: aos poucos a pressão na cabine se torna maior que a do ouvido, e a membrana é empurrada para dentro.

O único modo de amenizar o incômodo é fazer o ar circular pela Trompa de Eustáquio. A deglutição é a maneira mais natural de deixar o ar entrar e sair e voltar a relaxar o tímpano. Forçar a ventilação interna tapando o nariz, na chamada Manobra de Valsalva, também usada por mergulhadores, é outra técnica.

— O importante é que esse canal esteja desbloqueado. Por isso não é aconselhável viajar com nariz entupido. Se o passageiro estiver resfriado ou for alérgico, deve usar um vasoconstritor nasal antes da decolagem e do pouso. Mas é preciso orientação médica, porque o uso contínuo deste medicamento é prejudicial à saúde — diz o otorrinolaringologista do Hospital São Francisco na Providência de Deus, Fernando Portinho.

Segundo o médico, o ouvido costuma voltar ao normal em pouco tempo. Mas podem ocorrer lesões mais sérias no sistema auditivo:

— O ouvido pode ficar tampado, principalmente após a descida. Se isso permanecer por mais de dois dias, deve-se procurar um médico. A mudança de pressão também pode provocar perfuração de tímpano em passageiros, o que é bem mais raro. De qualquer modo, viajantes frequentes devem sempre estar atentos aos ouvidos. Aeronautas, por exemplo, fazem testes com frequência.

De acordo com a coordenadora do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi), Flávia Bravo, é preciso atenção especial para quem viaja com crianças pequenas:

— Elas tendem a sofrer mais nessas horas, porque suas trompas são menores, e a musculatura mais frágil, além de não conseguirem fazer os mesmos movimentos dos adultos.

DICAS PARA AMENIZAR

Mastigue e engula. Mastigar um alimento, beber um líquido, mascar chiclete ou apenas fazer o movimento da deglutição são ações que permitem que o ar entre pela Trompa de Eustáquio, ajudando a equalizar a pressão.

Para crianças. A mesma lógica vale para os pequenos passageiros. Dar de mamar ou oferecer a chupeta no momento do pouso e da decolagem alivia o sofrimento das crianças.

Manobra de Valsalva. Ou, simplesmente, tapar o nariz e expirar suavemente é a técnica mais comum para equalizar a pressão interna do ouvido.

Descongestionantes. Evite ao máximo viajar de avião com nariz entupido, isso pode agravar os efeitos da pressão no ouvido. Somente neste caso, use remédios vasoconstritores antes da decolagem e do pouso.


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