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Park City, um paraíso do esqui para amadores e atletas olímpicos

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PARK CITY – Do alto de um dos teleféricos que cruzam a estação de neve Park City, no estado de Utah, o instrutor de snowboard Kyle Shannon observa uma mulher que tenta descer a pista sozinha:

— Essa parece ser uma das primeiras vezes em que ela colocou um par de esquis na vida — comenta, após assistir a mais uma de suas quedas, ainda na metade da montanha.

A cena é comum naquela descida, demarcada em laranja, cor que indica que aquele caminho é para iniciantes. Assim como fazia a moça, muitos tentam aprender o esporte sozinhos, mas pela quantidade de pessoas deitadas no chão — e não equilibradas na prancha — percebe-se que instrutores são bastante recomendados, principalmente para quem ainda não domina a prática.

Já os que têm intimidade com os esquis descem rapidamente pelas pistas ao redor, visivelmente mais íngremes e demarcadas em cores que vão do azul claro ao preto. Quanto mais escura é a cor, mais difícil é a descida.

Em Park City, que faz parte do grupo Vail Resorts, o maior complexo de esqui dos EUA, 38 teleféricos levam a mais de 300 pistas de todos os níveis de dificuldade. A temporada de inverno terminou no início de abril, mas, em se tratando de uma prática que não é das mais baratas, o ideal é se programar desde agora para a próxima temporada, com abertura prevista para outubro. Comprando os pacotes com antecedência, os descontos chegam a 60%.

O local é famoso também por receber o Festival de Cinema de Sundance, em fevereiro. Aliás, a recomendação dos residentes para quem esquia é não ir durante a festa, a não ser que você queira pagar a mais, só para esbarrar com celebridades pelas ruas.

Park City parece ter sido mesmo planejada para quem gosta dos esportes: é possível chegar ao centro da cidade de teleférico ou esquiando direto das montanhas. Na rua principal, a Main Street, o melhor é guardar o equipamento para aproveitar as opções culturais, de compras (para quem curte uma moda à caubói) e restaurantes, cujas melhores pedidas são de comida americana (leia-se hambúrgueres, embutidos e carne).

E, como uma típica cidade do Oeste, há um uísque (whiskey) local, na High West Distillery, e cervejarias artesanais — a homônima Park City e, com um divertido bar, a Wasatch.

Algumas modalidades esportivas das Olimpíadas de Inverno de 2002, cuja anfitriã foi a capital do estado, Salt Lake City, foram praticadas em Park City. Nas estruturas da competição, agora funcionam escolas onde hoje treinam crianças que sonham em ser os próximos atletas da neve. Para os turistas, a atração principal é um passeio no bobsled: cápsulas que descem em uma pista estreita a até 130km/h. Antes da aventura, vale assistir ao filme “Jamaica abaixo de zero” (1993), para sentir uma pitada da adrenalina da descida.

DECLIVES E GÔNDOLAS, ALÉM DE BELAS VISTAS

Do aeroporto inernacional de Salt Lake City até Park City, o caminho de meia hora varia entre a paisagem árida do Oeste americano, com cactos e muita areia, até as montanhas, que vão ficando cada vez mais brancas conforme nos aproximamos do resort de neve. O local se tornou a maior área esquiável dos Estados Unidos após a união do Park City Mountain Resort com o Canyons Resort, no ano passado.

Seus cerca de 7 mil hectares ocupam mais de metade da cidade. Com toda essa área e quantidade de montanhas, o local oferece acesso fácil pelos teleféricos a diferentes tipos de descidas— 59% das pistas são fáceis ou moderadas e 41% são difíceis. O ponto mais alto da estação Park City está a 3.048m de altitude. A maior descida (vertical drop) tem 945m.

Nas pistas de maior dificuldade, há obstáculos propositalmente montados para manobras mais radicais. Quem pratica o snowboard, o “skate” da neve, encontra bons (e necessários) declives até nas áreas demarcadas em laranja.

Além das descidas, uma das atrações do complexo são seus quase 40 teleféricos. Mesmo quem não quer se arriscar nas pranchas e nos esquis, pode subir e observar as montanhas. Uma das gôndolas que valem a visita é Quicksilver, de alta velocidade. Já a subida pela DreamCatcher leva ao restaurante Cloud Dine, com vista de tirar o fôlego no topo da montanha.

Esquiadores têm ainda como opção as pistas do vizinho Deer Valley Resort, que também faz parte do complexo, e é proibido para snowboarders. Lá, são 809 hectares com 101 pistas de vários níveis de dificuldade.

No inverno, a cidade de Park City recebe mais turistas do que os seus cerca de 8 mil habitantes. A expectativa para a próxima temporada, que começa em outubro, é elevar esse número. O resort voltou, até, a comercializar o Epic Pass, com descontos no acesso às pistas. Para 7 dias de uso ilimitado dos lifts, o preço, para compra até maio, é U$ 609 por pessoa.

É possível adicionar ao ingresso o aluguel de equipamento (o kit básico, com capacete, óculos, esquis e roupas está com 20% de desconto até meados do ano) e a hospedagem. O preço varia de acordo com a época escolhida (sendo os meses de novembro e março os mais baratos) e o tipo de acomodação. No Grand Summit Hotel o desconto de 35% vai até outubro e a diária, para casal, está em U$ 95, incluindo vouchers para três refeições por dia em restaurantes dentro do resort.

As aulas coletivas também estão com preços especiais: para uma família inteira de iniciantes, a diária está em U$ 565 para comprar até maio. Há também equipamentos e instrutores especiais para deficientes físicos e pessoas com dificuldade de mobilidade. Para quem não precisa nem de aulas, nem de equipamento, há mais de 50 opções de hospedagem fora do resort.

RIQUEZAS DAS MINAS DE PRATA E DO GELO

Tão americanos quanto um bom hambúrguer são o faroeste e suas histórias de caubóis e cidades abandonadas. Esta parece ser a descrição de Park City cem anos atrás. Hoje, a cidade se renovou, com cafés, lojas e restaurantes. Mas na Main Street, as casas de madeira de dois andares e a calmaria de interior se mantêm.

A cidade foi fundada em 1869 por mineiros que chegavam de todo o país atraídos pela quantidade de prata do estado de Utah, que já foi a maior reserva desse metal valioso no país. Diz a história que, na mesma velocidade que chegaram, os exploradores se foram, levando as últimas reservas.

As montanhas que se enchem de neve no inverno fizeram com que Park City se reinventasse, com a chegada dos primeiros resorts na década de 1960. Ajudou também o fato de que um ator famoso (no caso, Robert Redford) instalasse o seu festival de cinema por ali, o Sundance, em 1978.

Dá para atravessar a histórica Main Street em uma caminhada de menos de trinta minutos. O melhor, no entanto, é ir bem devagar, já que praticamente todos as construções do local são de prédios antigos. Uma das primeiras paradas, para quem quer dar uma descansada, é na livraria Dolly’s, que tem um clima bastante aconchegante. Lá dentro, dá para observar bem como as casas de madeira são feitas. E há uma charmosa loja de doces e sorvetes, que fica bem ao lado. Se for para matar a fome, há opções de restaurantes em toda a via. Um dos mais recomendados é o Zoom, com cardápio de comida sulista americana, servida na antiga — e bem preservada — estação de trem. Outro que tem o menu bastante americanizado é o Chimayo, cujo visual lembra bem um restaurante da década de 1970. Os drinques são um dos pontos altos do estabelecimento, mas a entrada, toda de embutidos também não pode ficar de fora.

E se é para beber, opções não faltam. Também no centro da cidade está a destilaria local High West Distillery, que oferece cinco tipos de bourbon americano. Dá para chegar lá deslizando pela neve e estacionar o par de esquis, ou a prancha de snowboard, em um espaço voltado para isso. Lá dentro, o destilado acompanha petiscos bastante apimentados.

Se você for mais dos fermentados, escolha uma das duas cervejas locais: a Wasatch, que tem um bar divertido na Main Street. A homônima Park City Beer é vendida em quase todos os restaurantes da cidade, mas o seu bar fica um pouco mais afastado do centro. Um dos pubs onde é possível encontrar a marca é o No Name, também na rua principal, que vale o happy hour. Mas se decidir ir até a cervejaria, os três jovens donos oferecem um tour pela fábrica.

Um programa indispensável é visitar o Utah Olympic Park, que sediou as Olimpíadas de Inverno de 2002. O legado que ficou para a cidade é grande: à tarde dezenas de crianças e adolescentes praticam esportes.

Além das escolas instaladas ali, o visitante pode dar uma volta de bobsled. Os organizadores explicam toda a atividade e exigem que o turista assine um termo de responsabilidade, alertando sobre os perigos do esporte. Uma cápsula que comporta quatro pessoas desce a uma velocidade máxima de 130km/h, em uma corredor estreito, coberto de gelo. Parece perigoso, mas depois de ouvir as instruções e vestir o capacete, a descida de 45 segundos — guiada por um campeão olímpico do esporte — é adrenalina pura. E uma experiência indescritível.

SERVIÇO

Onde ficar

Park City Marriott Hotel. Diárias a U$ 183 para casal, em maio. 1.895 Sidewinder Drive. marriott.com

Park City Peaks Hotel. Oferece diárias a US$ 103 para casal. 2.346 Park Avenue. parkcitypeaks.com

Hotel Park City. Diárias a US$ 179, para casal. 2.001 Park Avenue. hotelparkcity.com

Treasure Mountain Inn. Diárias a US$ 143. 255 (casal). Main Street. treasuremountaininn.com

Torchlight Inn. Diárias a US$ 155 para casal. 255 Deer Valley Drive. torchlightinn.com

Onde comer

Chimayo. 368 Main Street. chimayorestaurant.com

No Name. 447 Main Street. nonamesaloon.net

Park City Brewery. 2.720 Rasmussen Road. parkcitybrewery.com

Wasatch. 250 Main Street. wasatchbeers.com

Zoom. 660 Main St. zoomparkcity.com

Passeios

Utah Olympic Park. Bobsled: US$ 175. utaholympicpark.org

Site. Mais informações: visitparkcity.com

Carolina Mazzi viajou a convite de Vail Resorts.


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