Brasília Amapá |
Manaus

Milwaukee, uma escapada de Chicago

Compartilhe

MILWAUKEE – Projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava — o mesmo que desenhou o Museu do Amanhã no Rio —, o Museu de Artes de Milwaukee, no estado americano de Wisconsin, parece ter asas prontas para voar sobre o Lago Michigan. Seus traços se tornaram o símbolo de uma cidade que se moderniza sem perder suas referências do passado industrial. E, a apenas hora e meia de Chicago, no vizinho Illinois, oferece opções de lazer longe do roteiro turístico tradicional dos EUA.

O nome difícil entrega: Milwaukee tem passado indígena. Mas foi a chegada de imigrantes especialmente da Alemanha e da Polônia, ainda na primeira metade do século XIX, que desempenhou um papel determinante na formação da cidade que, hoje, tem apenas 600 mil habitantes. Não é de se espantar, assim, que a região tenha virado um polo produtor de cerveja — antes ainda da Lei Seca, entre 1920 e 1933 —, salsicha e queijo. A harmonização é a cara de Milwaukee: funciona despretensiosamente.

Mais icônica fabricante de motocicletas no mundo, a Harley-Davidson também é de lá e tornou-se um dos principais atrativos da região. Fundada numa pequena oficina em 1903, a marca, um símbolo americano, abre as portas para um público internacional de fãs em seu caprichado museu. Ninguém precisa ser membro do Hell’s Angels para aproveitar, embora alguns deles integrem a tropa de 300 mil visitantes anuais do lugar.

FESTIVAL NO LIVRO GUINNESS DOS RECORDES

Na região do museu, é fácil perceber a tal transformação de Milwaukee: galpões industriais abandonados são modernizados para receber novas finalidades, inclusive residencial. Numa dessas áreas, acontece o maior festival de música do mundo, recorde certificado pelo Guinness Book. Realizado desde 1968, o Summerfest carrega, hoje, um milhão de pessoas, por 11 dias, embaladas por 700 bandas.

MUSEUS PARA TODOS OS GOSTOS

Com uma brisa fria, mesmo nos dias de sol, o Lago Michigan impressiona por seus 58 mil quilômetros quadrados de superfície, maior do que a área de seis estados brasileiro, como o Estado do Rio. Há quem mergulhe com cilindro de oxigênio ou até surfe no lago, mas, para quem prefere evitar um resfriado, o melhor talvez seja uma caminhada no Veteran’s Park, à beira do lago, terminando no Museu de Arte de Milwaukee.

Remodelado por Calatrava em 1995 e ampliado no ano passado, o museu tem 30 mil obras de arte. Há trabalhos de Rodin, Monet, Picasso, Miró e Andy Warhol. Para as crianças, mais divertida pode ser uma visita ao Discovery World, logo ao lado. A atração interativa tem como um dos destaques o Reiman Aquarium, com diversas espécies nativas do lago vizinho.

A meia hora de caminhada (ou dez minutos de carro) está o museu da Harley-Davidson, às margens do Rio Menomonee. A marca reúne uma turma de jaquetas pretas que, muitas vezes, vencem barreiras burocráticas para parar suas motocicletas no estacionamento do museu. Há quem passe um dia inteiro no local… e volte no dia seguinte.

A MOTO QUE O TSUNAMI CARREGOU

Lá está a primeira motocicleta produzida comercialmente por William Harley e os três irmãos Davidson. Há versões aprimoradas para o uso militar, além de bicicletas, lanchas e até snowmobiles. Outras relíquias são a Harley-Davidson que foi de Elvis Presley, a de Arnold Schwarzenegger no filme “Exterminador do futuro” e uma perdida no tsunami que atingiu o Japão em 2011 para ser encontrada quase um ano depois no Canadá.

Ao lado da fábrica está o Motor Bar, restaurante que segue a linha hambúrguer-cerveja não muito diferente de outros tantos pelo país. Melhor é ir ao Milwaukee Public Market, que, embora não seja tão grande, é farto em produtos locais e agradável para uma refeição, seja o café da manhã, almoço ou um lanche no fim da tarde — a casa abre das 10h às 20h.

No mercado é possível experimentar grande parte das variedades de queijos de Wisconsin, estado com maior produção do país. São mais de 600 tipos diferentes, sendo mais famoso o colby, que lembra o cheddar, embora seja mais suave. Salsichas e cervejas, ambas locais, também são facilmente encontradas. Para quem prefere doces, vale sair dali e passar na Northern Chocolate, onde os chocolates são produzidos ali mesmo, nos fundos da simpática loja.

Milwaukee tem também atrações para quem gosta de acompanhar esportes profissionais. A principal delas é um jogo do Milwaukee Brewers, o time de beisebol que joga no Miller Park para até 42 mil torcedores, onde o tailgate, espécie de “esquenta” no estacionamento, é uma das atrações. A temporada vai de abril a outubro. De novembro a abril é a vez do Bucks, time de basquete da cidade.

CASA DAS GRANDES CERVEJARIAS

O cenário industrial da cidade de Milwaukee preserva uma importante parte da história cervejeira dos Estados Unidos. A presença de imigrantes alemães levou as primeiras fábricas para a cidade, que, décadas mais tarde, se autodenominaria a capital da cerveja no mundo. Quatro das maiores produtoras americanas da bebida, durante a primeira metade do século passado, eram de lá: Schlitz, Pabst, Blatz e Miller.

Única que ainda produz na cidade, a Miller abre as portas de seu complexo cervejeiro para os turistas. O tour guiado, que mostra o processo de fabricação, tem como ponto alto uma impressionante máquina envasadora, que enche 1.400 garrafas por minuto. Isso sem contar, é claro, com a possibilidade de experimentar várias das receitas produzidas ali.

A história do imigrante Frederick Miller que, recém chegado da Alemanha, começou a vender suas receitas em 1855, ajuda a explicar o crescimento da cidade. Sem características competitivas que a deixassem muito à frente de outras regiões no mercado cervejeiro, Milwaukee contou com uma tragédia ocorrida em 1871 para estabelecer-se neste cenário. Foi o ano do Grande Incêndio de Chicago, que deixou mais de cinco mil desabrigados. Com a produção local afetada, a cidade do estado vizinho recebeu milhares de litros de cerveja das marcas de Milwaukee, que, assim, acabariam abocanhando relevante fatia das vendas, após o episódio.

— Milwaukee tem uma cultura incrível de cerveja, com uma cena das grandes às pequenas cervejarias. Ainda está preservada, inclusive, a cultura do biergarten, que vem da Alemanha, em que as pessoas vão para áreas ao ar livre e compartilham mesas — conta Jeff Hembrock, presidente da SABMiller Américas.

Embora ainda preserve sua história industrial da cerveja, o movimento artesanal também está presente na cidade. Entre as menores, a mais concorrida é a Lakefront, que possui uma visita guiada de 45 minutos.

Para quem tem pouco tempo, o Milwaukee Public Market é ótima pedida para experimentar várias das receitas que são feitas no estado de Wisconsin. Está localizado a menos de cem metros da MKE Brewing.

SERVIÇO

COMO CHEGAR. Para quem está em Chicago, a 148km, a viagem é feita pela estrada interestadual I-94 em hora e meia. Outra opção é usar trem, saindo da Union Station, em Chicago, até a Milwaukee Intermodal Station, em área central. São sete viagens da Amtrak ao dia, com duração de 1h30m. Valor da passagem: US$ 25 (R$ 89).

ONDE FICAR

Iron Horse. Antigo armazém, hoje moderno hotel em estilo industrial. Diárias a partir de US$ 249 (R$ 879). theironhorsehotel.com

Brewhouse Inn Hotel. Funciona em uma antiga cervejaria. Diárias a partir de US$ 263 (R$ 930). brewhousesuites.com

Milwaukee Museum Art. Entrada a US$ 17 (R$ 60). Crianças e idosos não pagam. Harley-Davidson Museum.

A visita sai a US$ 20 (R$ 70). Crianças e idosos pagam US$ 14 (R$ 49).

Museu da Miller. Gratuito, mas é aberto apenas para maiores de 21 anos.

Eduardo Zobaran viajou a convite da cervejaria Miller

oglobo.com/blogs/saideira

Dicas de degustação de

Dr. Ryder, cervejeiro da Miller


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7