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Em busca do click perfeito

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Haroldo Castro, fotógrafo com mais de 40 anos de experiência, já esteve em mais de 170 países, a maioria trabalhando. Nos últimos anos, ele tem se dedicado a levar grupos, que queiram aprender fotografia, para alguns dos lugares que conheceu, principalmente na África. Para produzir essas viagens, ele se inspirou em um setor do turismo que se popularizou internacionalmente na década de 90, mas que, até alguns anos, não era muito conhecido no Brasil: o tour fotográfico.

Esse tipo de viagem, segundo Castro, é voltado para quem busca conhecimentos em fotografia de maneira prática: em vez de uma sala de aula, os alunos aprendem tudo em campo. Em 2015, pela sua empresa, Viajologia, fez duas expedições com grupos de 12 pessoas cada, para Madagascar e Etiópia.

Durante cada clique, o fotógrafo ensina conceitos de luz, enquadramento e foco, por exemplo. Embora não haja exigência de equipamentos especiais ou experiência prévia para participar das viagens, Castro pede que os participantes o consultem antes da partida, para ouvir recomendações que permitam que “o passeio seja aproveitado ao máximo”.

FOTOS COM PERFIL FEMININO

— As pessoas que procuram este turismo obviamente têm muito interesse em foto, mas também querem conhecer lugares diferentes. São, na maioria, mulheres acima dos 40 anos e que já estiveram nos grandes pontos turísticos a nível mundial — diz Castro.

A fotógrafa Monique Cabral também oferece tours fotográficos pela sua empresa Trilharte. E há 20 anos, o que, afirma, a transforma na pioneira nesse tipo de atividade na cidade do Rio.

Monique conta que, após anos trabalhando em redação de jornais, decidiu seguir sua vocação “mais voltada para a natureza”. Os primeiros tours eram na capital fluminense. Com o aumento da procura, ela expandiu os passeios para cidades próximas e, há dois anos, oferece pacotes internacionais.

— Senti essa demanda crescente. Com a popularização das câmeras fotográficas, e depois com os smartphones, as pessoas começaram a ter mais acesso e buscavam noções mais profissionais.

A Trilharte oferece passeios no Rio e em cidades vizinhas, como as da região Serrana. As expedições internacionais incluem o deserto do Atacama e a Patagônia argentina. Para as viagens fora do Rio, diz Monique, é preciso que os participantes já tenham noções mínimas de fotografia, para que o passeio “possa ser bem aproveitado tecnicamente”.

Há também tours direcionados a públicos mais específicos. Em Curitiba, a Jen’s Tour oferece um passeio fotográfico noturno de bicicleta, pelos principais pontos da cidade. Quem busca este tipo de tour normalmente costuma ter conhecimento um pouco mais aprofundado sobre as fotos, “até pelo fato de ser noturno e exigir mais habilidades do turista”.

Porém, o tour é uma oportunidade para ampliar conhecimentos, já que o profissional que acompanha o grupo ensina os principais conceitos e técnicas, que são um pouco diferentes no caso das fotos feitas durante a noite.

Os mais aficionados por celular também podem usufruir de instruções profissionais. Rodrigo Rivas se apresenta como um fotógrafo especializado em imagens produzidas via celular. Em Nova York, ele oferece tours, em inglês e espanhol, em que também dá dicas de como otimizar as funcionalidades dos aparelhos, além de noções básicas, necessárias para qualquer imagem, seja no telefone ou na câmera, de luz, foco e enquadramento.

A advogada Monica Nascimento é um dos exemplos de fototurista. Logo após se aposentar, ela resolveu investir seu tempo em conhecer melhor a fotografia, atividade de que sempre gostou muito. Conta que ficou desanimada com a maioria dos cursos oferecidos, que, avalia, “são formais demais”. Queria algo mais movimentado:

— Tem uma idade em que a gente simplesmente não tem mais paciência para ficar na sala de aula, aprendendo aos poucos. Não vou me tornar uma profissional aos 65 anos, mas quero ter noções melhores, para me divertir.

UMA SÓ FORMA DE VIAJAR

Em 2007, uma amiga espanhola a convidou para uma viagem a Santiago de Compostela em um tour fotográfico. Desde então, Monica visitou outros cinco destinos, sempre com a câmera em mãos e orientação profissional:

— Recomendo para todo mundo. Conhecemos lugares fascinantes, pessoas que têm o mesmo interesse e, de quebra, aprendemos muito sobre a foto. Não consigo mais pensar em viajar de outra forma. Com as lições, ano passado até me animei e comprei uma câmera melhor.


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