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Glamour à italiana

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ROMA – Num país que respira moda, nada melhor do que uma mudança no visual para marcar uma nova fase. Depois de enfrentar uma grave crise financeira e passar por 18 meses de um programa de reestruturação, a Alitalia apresentou em Roma, em maio, a coleção com novos uniformes da companhia aérea. Trata-se da primeira mudança em quase 20 anos e coroa uma série de esforços para mudar a imagem da empresa — que incluiu alterações no logo, na pintura das aeronaves, no interior da cabine, nos serviços disponíveis a bordo e lançamento de novas rotas domésticas e internacionais. Saem de cena os corretos uniformes azuis e verdes e entra no lugar um guarda-roupa claramente inspirado nas cores da bandeira italiana e no glamour dos anos 1950 e 1960.

A coleção, com roupas masculinas e femininas, foi criada pelo designer italiano Ettore Bilotta, que manteve tons de verde e vermelho até em bolsas, meias-calças e chapéus. Os novos uniformes serão utilizados a partir de julho. Uma equipe de 500 profissionais é responsável pela fabricação dos modelos, com tecidos da Toscana, seda de Como e acessórios, como as luvas, de Nápoles.

‘VOLARE’ EM NOVOS TEMPOS

Além da mudança na indumentária, a companhia lançou também uma nova campanha publicitária, intitulada “Made of Italy” (Feita de Itália, em tradução livre). Com custo estimado de € 20 milhões, a campanha será exibida em canais de TV em países como Itália, Estados Unidos, Brasil e Alemanha, entre outros, e em redes sociais, com peças destinadas também à mídia impressa e digital. O anúncio destaca o estilo de vida italiano, a hospitalidade do país e apresenta a companhia como uma empresa moderna, com voos ligando diversas partes do planeta. O pano de fundo é o clássico italiano “Volare”, numa nova versão cantada pela italiana Malika Ayane.

— A Alitalia representa a Itália. É uma empresa de serviço, o que significa determinação e atenção ao detalhe. E também atenção ao fato de que vivemos num mundo de competição internacional —, disse Luca Cordero di Montezemolo, presidente da Alitalia, que destacou que a empresa pretende manter suas raízes, sem repetir os erros do passado.

A mudança de rota da Alitalia teve início em 2015, depois que a empresa foi recapitalizada e recebeu investimentos de € 560 milhões da companhia aérea Etihad, dos Emirados Árabes Unidos, que hoje detém 49% do capital. Desde então, a Alitalia adotou um abrangente plano de recuperação industrial que prevê que as contas voltem ao azul em 2017. A companhia italiana não tem lucro há mais de dez anos. Em 2015, conseguiu reduzir as perdas em € 381 milhões, mas mesmo assim teve prejuízo de € 199,1 milhões.

Durante o evento de apresentação dos uniformes, James Hogan, vice-presidente da Alitalia e presidente da Etihad Aviation Group, se mostrou confiante e disse que os planos estão no rumo certo para que a empresa volte a ter lucro em 2017.

— O que nós dissemos que iríamos fazer, nós entregamos. O plano para 2017 era atingir o equilíbrio. O único ajuste ao plano é o fato de que queremos ganhar dinheiro em 2017 — afirmou.

No ano passado, a taxa de ocupação das aeronaves ficou em 76,2%, com um total de 22,1 milhões de passageiros transportados. A meta dos executivos é elevar esse percentual para 80%.

O caminho para a lucratividade envolve não somente redução de custos, como investimentos. Segundo Cramer Ball, o novo CEO da Alitalia, serão aplicados € 400 milhões neste ano, que incluem aumento da frota e reforma do interior das aeronaves, serviços nos aeroportos, tecnologia e infraestrutura. A frota da empresa italiana conta com 122 aeronaves, com modelos da Boeing e da Airbus. Neste ano, ela receberá mais um Boeing 777-200ER. No próximo ano, terá mais um Boeing 777-300ER e um Airbus A330. Outra mudança é que as aeronaves passam a contar com wi-fi.

FOCO NA AMÉRICA LATINA

A mudança envolveu ainda a qualificação dos funcionários. Mais de seis mil tripulantes e funcionários em terra passaram por um treinamento em atendimento ao cliente. Entre os desafios para as empresas no setor aéreo destacam-se não apenas a crise econômica, que afeta o mercado de negócios, como a concorrência acirrada, tanto com as gigantes do setor como com as companhias de baixo custo e baixa tarifa.

Segundo Cramer Ball, que classificou o evento como divisor de águas na história da empresa, o objetivo é tornar a Alitalia a melhor companhia aérea da Europa. Parte da estratégia de recuperação inclui a criação de novas rotas, com foco em voos de longo curso mirando Estados Unidos, América Latina e Ásia. Neste ano, a Alitalia começou a voar para Santiago, no Chile, em maio; terá voos para a Cidade do México, em junho; e Pequim, a partir de julho. Há ainda uma série de novos voos domésticos.


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