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Machado de Assis escreveu ‘manual de etiqueta’ do bonde

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RIO — Além de cortar a cidade com seu charme particular, o bonde serviu de assunto para crônicas e romances de consagrados escritores. No carnaval, participava das festas, levando foliões fantasiados para os diversos pontos da cidade. Tornou-se ainda tema de sambas e marchinhas.

— Era um transporte democrático, com gente de todas as idades. E sempre havia música dentro. O bonde foi um elemento muito divertido da cidade — lembra a historiadora Elisabeth von der Weid, resgatando expressões de época relacionadas ao transporte e que resistem ao tempo. — Uma coisa muito grande era do “tamanho de um bonde”. Em Santa Teresa, até pouco tempo, ainda se ouvia “pegar um bonde” ou “me dá um bonde” no sentido de me dá uma carona.

Em 1883, Machado de Assis, com sua fina ironia, escreveu um manual de “Como comportar-se no bonde” — na época, o meio de transporte era puxado a burro. “Toda pessoa que sentir necessidade de contar os seus negócios íntimos, sem interesse para ninguém, deve primeiro indagar do passageiro escolhido para uma tal confidência se ele é assaz cristão e resignado”, sugeriu Machado.

Já o escritor Olavo Bilac exaltou o novo sistema como palco de relações sociais. “Na roça, é tomando café que se estabelecem e estreitam as relações; na cidade, é viajando no mesmo bonde que se consegue isso. O bonde é um criador de relações de amizade … e de amor”, escreveu.


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