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Mãe acusa UPA de negligência em morte de menina

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RIO — A produtora de eventos Andressa Barros, de 35 anos, não consegue segurar o choro ao lembrar dos últimos momentos ao lado da filha, Yasmin Gonçalves, de 12 anos, e da via crucis que percorreu, ao lado do marido, em busca de atendimento médico para a menina, com sintomas de dengue. O casal levou Yasmin duas vezes à UPA de Duque de Caxias, nos dias 4 e 5 de março. Lá, foram feitos hemogramas que não indicaram alteração no nível das plaquetas. Ao chegar em casa depois do segundo atendimento, porém, Yasmim começou a vomitar sangue e foi levada para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra. Transferida para o CTI do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, a menina morreu na madrugada do dia 8.

Segundo Andressa, quando a filha chegou ao Miguel Couto, já estava em estado gravíssimo e pouco pôde ser feito. O atestado de óbito diz que a menina morreu em decorrência de hemorragia pulmonar, choque séptico e pneumonia. Mas Andressa acusa os médicos da UPA de negligência e mostra um laudo do Laboratório Noel Nutels que atestou, após coleta de sangue feita no dia do óbito, que a menina estava com dengue.

– Tenho certeza de que minha filha teve dengue, e os médicos foram negligentes ao liberá-la depois do primeiro atendimento. As plaquetas da Yasmim estavam altas, mas era notório que ela estava muito mal. Ela sentia tanta dor nas costas e não conseguia ficar em pé.

Segundo o prontuário do primeiro atendimento, Yasmin estaria com dengue. O diagnóstico feito no segundo atendimento realizado na UPA foi outro: uma virose.

– Parece que estavam brincando com a vida da minha filha. Os médicos do Lourenço Jorge ficaram assustados ao receberem um paciente com um quadro gravíssimo e que havia sido atendido antes em uma UPA – diz Andressa. – Quando eu cheguei ao Miguel Couto já era tarde demais. Fizeram de tudo, mas houve falha nos primeiros atendimentos.

O advogado de Andressa, Átila de Negri Fonseca, informou que está reunindo documentos para processar os médicos que fizeram os dois primeiros atendimentos, a direção da UPA e o município de Duque de Caxias:

– É uma morte que, segundo o que conseguimos apurar, poderia ter sido evitada. Como a evolução do quadro de saúde da Yasmim foi muita rápida, talvez uma hidratação poderia ter amenizado os primeiros sintomas. Mas os médicos acharam que não seria nada e a liberaram para voltar para casa. Estamos reunindo toda documentação para buscar os culpados.

Procurada, a Secretaria de Saúde de Caxias informou, por meio de nota, que Yasmim recebeu atendimento médico em duas ocasiões, passando por exames que não apontaram sintomas de gravidade de dengue, já que o número de plaquetas estava dentro da normalidade. A assessoria informou ainda que nas duas ocasiões o quadro de saúde de Yasmin era estável.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio, o quadro de Yasmim ao chegar ao Miguel Couto era grave e evoluiu para óbito em menos de 24 horas. A paciente apresentava hemorragia pulmonar e grande redução no número de leucócitos e de plaquetas no sangue. O caso de Yasmim está sendo investigado. Já a Secretaria estadual de Saúde disse que só pode afirmar que houve morte por dengue depois de a cidade notificar o estado. (Colaborou: Luiz Ernesto Magalhães)

O Estado do Rio de Janeiro já registrou 23.975 casos de dengue este ano, com um óbito confirmado, em Volta Redonda, na Região do Médio Paraíba. Do total, 4.293 casos foram na capital. Os números se referem a dados consolidados pela Secretaria estadual de Saúde até o último dia 15. Em comparação com o mesmo período de 2015, quando foram notificados 10.376 casos entre 1º de janeiro e 15 de março, o número aumentou 131%. Em todo o ano de 2015, foram contabilizados 71.791 casos suspeitos de dengue no estado, com 23 óbitos. As cidades que registraram mais mortes foram Resende (8) e Campos (4).


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