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Impulsionado pelos Jogos, Rio tem um boom de 5 estrelas

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RIO — O Rio já tem uma paisagem que é um luxo e, ultimamente, tem oferecido aos turistas que não abrem mão do belo na hora de se hospedar cada vez mais opções. O número de quartos em hotéis cinco estrelas passou, entre 2010 e abril deste ano, de 4,2 mil para 5,6 mil, um aumento de 33,3%. O crescimento, impulsionado pela lei, sancionada há seis anos, que concede benefícios fiscais para facilitar a construção de acomodações para a Olimpíada do Rio, vai ganhar um impulso ainda maior no segundo semestre, quando a previsão é que a cidade ostente 6,9 mil suítes com o número máximo de estrelas (aumento de 64,2% em relação ao 2010), segundo dados da Rio Negócios, agência da prefeitura.

É claro que o luxo tem um preço salgado. Na penthouse do novo Grand Hyatt Rio de Janeiro — em frente à Praia da Barra e ao lado da reserva e da Lagoa de Marapendi — o hóspede precisa pagar US$ 10 mil dólares (cerca de R$ 34 mil) por dia. A penthouse é maior do que a maioria dos apartamentos cariocas: tem 308 metros quadrados, 113 deles só de varanda. O turista que se hospedar nela pode nadar numa piscina privativa de borda infinita e tem à disposição um elevador exclusivo, roupas de cama de 800 fios, além de adega e serviços que incluem fazer e desfazer malas. Quem opta pela suíte presidencial, também no sétimo e último andar do hotel, pagará pelo menos US$ 6.200 por dia (cerca de R$ 21 mil) para ficar num apartamento menor, embora com espaço igualmente generoso — 165 metros quadrados — e com mordomias semelhantes, à exceção da piscina.

MIMOS PARA CONQUISTAR

O Grand Hyatt foi inaugurado em março e é um dos 17 cinco estrelas da cidade, que deve ter 20 até o final do ano (em 2010, eram 14). É claro que, na hora de conquistar os clientes mais exigentes, eles têm sido obrigados a caprichar na criatividade e mimos. O novo Hilton Barra, com os seus 298 quartos, aceita até dois cachorros, com 34 quilos cada (do porte de um labrador), por apartamento. E oferece um colchão exclusivo da rede: o Suite Dreams, importado, que melhora a circulação e ajuda a ter uma noite de sono tranquila. As roupas de cama e banho são Trousseau Hotel Collection, e os banheiros têm kits da francesa L’Occitane.

O Windsor Marapendi é outro cinco estrelas já inaugurado. Já o sofisticado Emiliano, ainda em construção no Posto 6, em Copacabana, vai abrir parcialmente para a Olimpíada. Dos 98 quartos, a expectativa é de que 30 estejam operando em agosto. Lá, a diária na suíte mais cara — a master, com 120 metros quadrados — sai por R$ 9.910. Uma atração são as suítes spa (R$ 5.726, por dia), onde o hóspede encontra de tudo para relaxar: sauna, jacuzzi, chuveiro especial e sala privativa para massagens. Com 13 andares, o Emiliano Rio foi construído em terreno que, de 1927 até 2009, abrigou mansão do Consulado da Áustria. O imóvel foi arrematado por R$ 40 milhões em um leilão, em 2012.

O Trump, na Barra, e o Nacional, em São Conrado, engrossam a lista dos cinco estrelas que correm contra o tempo para inaugurar, pelo menos parcialmente, até agosto. Fechado desde 1995, o Nacional — que vai virar o Grand Meliá Rio de Janeiro Hotel Nacional — tem 1.200 operários que trabalham em dois turnos nos 34 andares de sua torre redonda.

— Não há a menor possibilidade de o Nacional não abrir para os Jogos. Pode não funcionar integralmente, mas vai abrir. Seus quartos estão reservados para a família olímpica — garante Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ).

Independentemente de tamanha correria, o Rio já superou com folga o número de acomodações necessárias para a Olimpíada do Rio. A meta prevista no dossiê de candidatura da cidade para os Jogos era contar com pelo menos 40 mil quartos. E, segundo dados da Rio Negócios, até o fim de abril eles somavam 49.600 unidades, sendo 33.400 em hotéis e 16.200 em aparts, motéis, pousadas e albergues. Mas, levando em consideração as obras em andamento, poderão chegar a 52.300 quartos (35.800 em hotéis), um crescimento de 65% em relação a 2010.

— Construímos muito mais quartos do que os dez mil necessários — comenta Alfredo Lopes. — Dos hotéis que projetamos, 98% foram construídos.

Pela lei de incentivos, os investidores tinham de obter o habite-se do hotel até 31 de maio (prazo já com prorrogação) para assegurar os benefícios. Um decreto do prefeito Eduardo Paes, de 3 de junho, no entanto, facilitou a vida de quem já tinha o habite-se provisório: deu mais 30 dias para obter a documentação exigida para conseguir o certificado definitivo. Segundo a Secretaria municipal de Urbanismo, 50 hotéis obtiveram o habite-se definitivo e há outros 15 com certificado provisório.

O boom hoteleiro movimentou a economia fluminense:

— Os resultados do setor hoteleiro somam investimentos na ordem de R$ 6 bilhões, com criação de 15 mil novos postos de trabalho diretos e 45 mil indiretos, além da atração de novos grupos para a cidade e do estímulo à ampliação de investimentos de bandeiras que já estavam presentes no Rio — diz Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios.


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