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Estudantes, professores e funcionários se unem para limpar o campus da Uerj

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RIO – Com vassoura em punho e muita força nos braços, a professora Maja Kajin, do Departamento de Ecologia da Uerj, varre, aos lado de seus alunos, a entrada do Prédio Haroldo Lisboa da Cunha, conhecido como Haroldinho, no campus do Maracanã. A tarefa é executada na base da divisão do trabalho. Um grupo varre; outro, com luvas e pás, recolhe folhas e as coloca em sacos de lixo preto.

— Eu nunca pensei que seria preciso fazer isso no campus, mas estamos tentando melhorar um pouco as condições da Uerj. É triste, mas hoje é nossa realidade — lamentou Maja, que é professora do Departamento de Ecologia desde 2012.

A quinta-feira foi dia de muito trabalho fora da sala de aula na Uerj. A partir das 8h30m, alunos, professores e funcionários dos departamentos de Ecologia, Biologia e Química, com vassouras, luvas, baldes e produtos de limpeza, fizeram uma limpeza geral no campus. No início da semana, começou uma mobilização pelas redes sociais para tentar mudar o quadro de precariedade na instituição. Na página Viva Uerj, no Facebook, a comunidade acadêmica foi convocada para a faxina na universidade.

No início de junho, todos os 500 funcionários terceirizados encarregados da limpeza e da manutenção da instituição, que estavam sem receber salários há sete meses, foram demitidos. Sem repasses do estado, a empresa que atuava na Uerj, a Construir, não conseguia depositar os vencimentos dos empregados. A universidade decidiu então fazer uma nova licitação.

Era difícil saber qual o lugar mais sujo. No estacionamento, por exemplo, havia tanta folha que não se conseguia distinguir o que era rua e o que era calçada. Só na área externa do campus, 159 sacos de lixo foram utilizados durante a faxina.

— É muito triste ver o abandono da faculdade. Eu gosto muito deste lugar. Por isso, fiz questão de comparecer e ajudar — disse Juliane Ribeiro, aluna de mestrado em biologia.

Após quase três horas dedicadas à área externa, a limpeza ficou concentrada em corredores, escadas e salas de aulas do prédio. Primeiramente, os voluntários varreram as áreas comuns de todo o edifício. Depois, passaram panos úmidos. Os banheiros, sem limpeza desde o mês passado, também foram incluídos no mutirão.

Carlos Frederico Porto, professor do Departamento de Ecologia, fez questão de participar do mutirão para mostrar que há união na Uerj. Ele ressaltou também que a situação precária da educação vai custar caro ao estado nos próximos anos:

— O lixo é a parte mais visível. Mas a Uerj tem ainda mais problemas. O estado esquece que o investimento em educação e pesquisa científica deve ser prioritário. A produção de conhecimento é benéfica para toda a comunidade.

Para o sub-reitor da Uerj, Egberto Gaspar Moura, a iniciativa foi louvável.

— Eu estou fora do Rio e não consegui ver o que eles fizeram lá hoje (ontem). Mas isso, além de união, mostra a solidariedade que há na comunidade acadêmica. De qualquer maneira, essa situação não pode continuar. O trabalho essencial da pesquisa precisa voltar o mais rapidamente possível — disse Egberto.

A Uerj informou que no último dia 21 foi feita uma licitação para escolha da nova empresa de limpeza, mas não houve interessadas. Outra licitação está programada para o próximo dia 15.


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