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Design Rio: Bel Lobo

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RIO — Na época em que se preparava para concluir o curso de arquitetura na UFRJ, Bel Lobo e dois colegas de faculdade receberam uma proposta: desenhar e construir seu primeiro ateliê num terreno em Santa Teresa. Em troca, precisariam projetar e erguer uma oficina de artes numa área da propriedade. Começaram a tocar o trabalho, mas o dinheiro de Bel Lobo acabou. Para pagar sua parte das despesas, ela arranjou um emprego temporário como vendedora na loja da Richards, e, por um atalho do destino, encontrou seu caminho profissional. Passados mais de 20 anos, a profissional se especializou em fazer lojas e virou um ícone da arquitetura de butique. Um de seus primeiros clientes, e que está com seu escritório até hoje, foi justamente a rede Richards.

— Fiquei um ano e meio como vendedora. Comecei no BarraShopping, e até que era boa vendedora. Mas na loja eu vivia empurrando móveis, subia para ajeitar luminárias e ficava pensando na composição do espaço. Naquela época, ainda não havia a figura do “visual merchandising”, era o gerente que fazia a arrumação. Algum tempo depois, surgiu uma vaga, lembraram daquela vendedora que vivia mexendo nos móveis e me convidaram para ser arquiteta da marca — conta Bel Lobo, de 55 anos, que desde o começo da carreira trabalha em parceria com o marido, o arquiteto Bob Neri.

Nesse primeiro trabalho, o estilo da marca foi traduzido em móveis e objetos. E abriu muitas outras portas, de grifes de biquínis a restaurantes. Bel e sua equipe assinam — ou já assinaram — lojas como Maria Filó e Salinas. Em seu coletivo (o Be.Bo), numa bela casa projetada por Sergio Bernardes, no Cosme Velho, a antiga apresentadora do programa “Decora”, do GNT, trabalha atualmente nos projetos de uma fazenda-escola, em Paraty; do novo restaurante de Felipe Bronze; e da casa Camolese, bar que Vik Muniz abrirá no Jockey Club. O portfólio de Bel traz, ainda, a Livraria da Travessa do BarraShopping e o interior da Biblioteca Parque Estadual, além de restaurantes, como o Zuka e algumas filiais do Bibi Sucos.

Para criar os cenários, ela pensa em cada detalhe. No projeto da Farm, por exemplo, já traduziu o estilo descolado da grife com um material que imita palha, usado para revestir o logotipo e algumas áreas da lojas. Em muitos projetos, vai além: desenha até o mobiliário que irá compor o ambiente.

— No restaurante Bazzar, de Ipanema, até as cadeiras eu desenhei — diz.

Em 2013 a arquiteta e o marido/sócio abriram a m.o.o.c – móveis, objetos e outras coisas, em parceria com a designer Mariana Travassos. No showroom instalado na Bhering, na Zona Portuária, são vendidas as criações da Be.Bo, além de muitos objetos de desejo, originalmente criados para ambientes comerciais ou espaços públicos. Entre eles, estão a estante Bob (feita por Bob Neri) e a poltrona boião (na foto ao lado, confeccionada com câmara de pneu de trator e de caminhão para a Biblioteca Parque Estadual). Este ano, a m.o.o.c juntou-se a uma marcenaria de São José dos Pinhais, a Eduardo Moreno, e lançou uma coleção de móveis versáteis, como escrivaninhas com gavetas que podem se transformar em bandejas destacáveis.

VICIADA EM ANTIGUIDADES

Das sete temporadas em que atuou como apresentadora do “Decora”, Bel Lobo herdou uma compulsão por antiguidades:

— Quando comecei o programa, criei uma compulsão por comprar coisas antigas. Ia na feirinha da Praça Quinze e comprava várias peças, já pensando que poderia usar no programa. Meu escritório começou a ficar lotado, aí aluguei um espaço na Bhering — conta ela, que mantém uma atuação solidária (na Be.lo bo.m) e promove debates sobre arquitetura e urbanismo na casa do Cosme Velho (dentro da programação da Lic.Be.Bo).


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