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Condomínios com quase mil apartamentos em São Gonçalo foram ocupados

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RIO — Era por volta das 22h da última quarta-feira quando Jayene dos Santos, de 29 anos, se preparava para dormir e uma forte chuva começou a cair no bairro Jóquei, em São Gonçalo. Não demorou muito para a água invadir sua casa, e a manicure perder todos os seus móveis. Após o temporal, ela e outras centenas de pessoas começaram a ocupar os apartamentos do Residencial Parque das Araras e do Residencial Parque dos Bem-Te-Vis, do programa Minha Casa Minha Vida, também no Jóquei.

— Não tem como eu ficar onde estava. Até posso limpar, mas se cair outra chuva, vou passar por tudo isso de novo – disse Jayene.

Os dois condomínios, que têm 499 apartamentos cada e estavam vazios, deveriam ter sido entregues em dezembro passado. Os prédios foram construídos pela MRV Engenharia.

– Meu filho de 4 anos, quando viu a quantidade de água, me perguntou para onde nós iríamos – conta a manicure, que está numa das unidades com os três filhos e o marido.

Todas os apartamentos foram ocupados, e há uma lista de espera com 80 nomes. Não há fornecimento de água ou luz. Neste domingo, caminhões-pipa da Cedae forneceram água para os invasores.

Residencial Parque dos Sabiás ficou com imóveis do térreo inundados

Parte dos invasores veio de um outro condomínio do programa Minha Casa Minha Vida, que ficou parcialmente inundado no temporal da última quarta-feira. O Residencial Parque dos Sabiás, entregue aos moradores em 2014, ficou com os imóveis do térreo alagados. Famílias que não foram afetadas também aproveitaram para invadir imóveis.

— Tenho duas filhas cadeirantes e, por isso, morava no andar mais baixo. Com a chuva, precisei sair de lá e ir para outro apartamento que não tivesse sido afetado — conta a dona de casa Rosana da Silva, de 39 anos.

Ocupantes dos imóveis contam que perderam tudo.

— Foi um enorme desespero ver todo mundo tentando salvar o pouco que tinha. E não sobrou nada: não temos roupas, os bebês precisam de fraldas, e tem muita gente idosa — diz a auxiliar de serviços gerais, Indiara Silva, de 41 anos.

Temporal

Na noite de quarta-feira, os nove rios que cortam São Gonçalo transbordaram e deixaram 38 bairros debaixo d’água. Um idoso morreu afogado dentro de casa, no bairro Sacramento. Pelo menos 700 pessoas ficaram desalojadas.

— Há dois anos tenho um laudo da Defesa Civil de interdição da minha casa, e nunca fizeram nada. Vou precisar morrer para tomarem alguma atitude? — indaga a dona de casa Bianca Faria Bernardo, de 27 anos, que também perdeu seus móveis na enxurrada.

Policiais militares estiveram ontem nos condomínios invadidos. Procuradas, a Caixa Econômica Federal, responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida, e a construtora MRV não se pronunciaram.

A prefeitura de São Gonçalo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que 85 pessoas continuam abrigadas na Escola Municipal Marinheiro Marcílio Dias, no bairro Palmeiras. Uma equipe de 300 funcionários continua a fazer a limpeza das ruas. A Defesa Civil da cidade informou que percorreu ontem vários bairros para atender aos pedidos de vistoria, mas não foram detectados imóveis com risco de desabar.


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