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Cinco militares são suspeitos de participação de roubo de 35 pistolas do QG da PM do Rio

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RIO – Um oficial e quatro praças, únicos que tinham acesso à Reserva de Armamentos do QG da Polícia Militar do Rio, no Centro, estão entre os suspeitos de envolvimento no roubo de 35 pistolas automáticas calibre 360, que desapareceram no último dia 29 do local. De acesso restrito, apenas os cinco tinham autorização para entrar na Reserva de Armamentos, onde ficam todas as armas, incluindo fuzis, usados pelos policiais lotados no QG da PM.

As pistolas roubadas são de uso particular dos policiais e estavam acauteladas no local. Os cinco policiais foram detidos, mas liberados após 72 horas. Agora estão afastados do serviço, executando funções administrativas. Um inquérito Policial-Militar (IPM) foi instaurado pela Corregedoria Geral da PM para investigar o caso.

— Foi aberto um IPM para apurar com todo rigor o desaparecimento do armamento. As armas são particulares de policiais militares. Diligências estão sendo realizadas para identificar os responsáveis e localizar o mais rapidamente possível o armamento — disse o coronel Oderlei Santos Alves de Souza, chefe da Comunicação Social da PM.

Procurada, a Secretaria de Segurança disse que está acompanhando o caso. O Ministério Público estadual também. Segundo levantamento da CPI das Armas, nos últimos dez anos, 650 armas foram extraviadas da Polícia Militar, 1.040 da Polícia Civil e 17.500 de empresas de segurança privada.

No dia 28 de outubro de 2014, 29 armas foram roubadas no paiol do Batalhão de Choque da PM, no Centro. A PM ainda não descobriu a identidade dos responsáveis. Imagens em poder dos deputados da CPI das Armas da Alerj mostram que um homem em um carro entrou no Batalhão de Choque de madrugada para retirar as armas, aparentemente contando com o auxílio de policiais militares que estavam de plantão.

O deputado Carlos Minc (sem partido), presidente da CPI das Armas, lamentou mais um caso de roubo de armas na PM e já pediu explicações ao comando da corporação. O desaparecimento das armas de dentro do QG da PM acontece no momento em que deputados da CPI finalizam o relatório onde irão revelar, depois de cinco meses de trabalho, que existem falhas graves no controle de armas na PM, na Polícia Civil e nas empresas de segurança.

— É um caso de extrema gravidade e só reforça o que descobrimos na CPI: que há um grande descontrole e falta de monitoramento das armas da corporação. Essas armas automáticas, roubadas do QG certamente já estão sendo usadas em assaltos ou mesmo para matar vitimar policiais — afirmou Minc.

O deputado lembrou ainda que pediu esclarecimento à PM.

— Já tivemos roubos no Batalhão de Choque e agora no QG da PM, nas barbas dos oficiais do Estado-Maior da corporação. É muito grave. Enviei ofícios perguntando se o roubo foi filmado e cobrando uma investigação rigorosa — disse Carlos Minc.

Como revelou O GLOBO, armas de empresas de segurança vêm abastecendo o crime no Estado do Rio. Segundo um relatório da Polícia Federal, pelo menos 17.662 foram desviadas ou roubadas de firmas de vigilância e acabaram nas mãos de bandidos nos últimos dez anos. O material levado pelas quadrilhas inclui ainda 9.663 projéteis e 417 coletes à prova de bala. Preparado pelo delegado Leandro Daiello Coimbra, diretor-geral da PF no país, o levantamento foi enviado à CPI das Armas instalada na Alerj.

O armamento desviado não é pequeno: representa cerca de 30% do volume disponível (58.476) em todas as empresas do setor no Rio (são 222). Mas o que mais chama a atenção no documento assinado por Daiello é a informação de que cerca de 4.500 armas simplesmente desapareceram de dentro das firmas, sem deixar vestígios. Ou pelo menos foi o que elas alegaram oficialmente à PF – responsável pela fiscalização da atividade: que o material fora perdido quando não estava sendo usado em serviço.


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