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Brinquedos repaginados

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RIO – Vivendo no Rio há cerca de quinze anos, a designer portuguesa Susana Ventura descobriu no susto que os brinquedos dos parquinhos da cidade eram obsoletos e nada seguros para a criançada. Uma dia ela foi chamada na escola do filho, após um acidente: a quina de um balanço pesado de madeira havia batido na cabeça do menino, que teve um corte profundo na testa. Da situação de estresse, Susana, que em Portugal havia trabalhado numa fábrica de brinquedos, viu nascer uma oportunidade de negócio.

— Conversei com a diretora da escola, nascida na Suíça, que me explicou a dificuldade de achar no Brasil peças com a mesma qualidade das oferecidas na Europa. Nas praças, vi que eram idênticas às produzidas na década de 50, de madeira e cimento, feios e sem segurança. Decidi trabalhar modernizando as áreas de lazer infantil por aqui — conta Susana, que recrutou as duas filhas, Isabel e Ana Seabra, para montar uma empresa familiar, batizada de Oikotie.

Novas matérias-primas

O primeiro passo do trio foi desbravar as opções de material que iam além da madeira e do ferro. Encantaram-se com o design de marcas como a Urban Design Berlin, da Alemanha, especializada em peças com aço, e a dinamarquesa Corocord, que trabalha com redes e cordas. Elas aprenderam que era possível fazer gangorras, trampolins, escorregas e casinhas nos mais variados formatos e com matérias-primas pouco utilizadas, como bambus.

Entre o sonho e a realidade, Susana levou três anos para abrir a empresa.

— Não se trata apenas de brinquedos bonitos, com design moderno, mas de peças que estimulam as crianças. Alguns ajudam a exercitar áreas do cérebro, as mesmas usadas na realização de operações matemáticas — explica Isabel.

Os parquinhos até têm balanços e escorregas. Mas a primeira brincadeira é justamente encontrá-los, pois aparecem com uma roupagem diferente. Um dos projetos que abriu as portas para o trio foi o do playground do Parque Madureira. Para o lugar, criaram pequenos morros com agarras, que servem para escalada e conduzem as crianças a um escorrega de plástico com dupla saída, bichinhos com molas saltitantes, pequenas camas elásticas embutidas no chão e um jogo de amarelinha em formato de cobra.

Instalado numa área de 360 metros quadrados, o parque tem piso de amortecimento de impacto (atóxico, feito com restos de solado de tênis e pneus), num cenário coloridíssimo. A primeira fase custou R$ 300 mil. Este ano, o local vai ganhar uma nova área, com pirâmide de cordas e abelhinha feita com borracha reciclada.

Em Saquarema, na Praça de Sampaio Correa, a equipe estreou uma série de peças fabricadas no Brasil, inspirada em animais da fauna brasileira em extinção. No Rio, o próximo local a ganhar um dos parques com design será a Lagoa, que terá uma área de lazer para crianças até 4 anos.

— Começaremos a montar mês que vem. Vamos usar peças da linha fabricada no Brasil. Inicialmente vamos montar esta pequena área, com casinha de madeira em forma de colmeia, balanços de baixa velocidade, quatro bichinhos de mola e paisagismo — diz Susana, que foi convidada para fazer projetos na frente marítima do porto — Um deles é um circuito, tipo parkour.


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