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Ambientes insalubres provocam 12,6 milhões de mortes por ano, diz OMS

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RIO — Um relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 12,6 milhões de pessoas morreram por viverem ou trabalharem em ambientes insalubres em 2012, o que representa cerca de uma em cada quatro mortes registradas naquele ano no mundo. No Brasil, foram cerca de 200 mil mortes. Os riscos ambientais são a poluição do ar, da água e do solo, exposição química, mudança climática e radiação ultravioleta. Juntos, eles contribuem para mais de cem tipos de doenças e lesões.

O estudo aponta que doenças não transmissíveis, como cânceres e doenças crônicas respiratórias e cardíacas, foram responsáveis por 8,2 milhões de mortes ligadas a ambientes insalubres, sendo a maior parte relacionada à poluição do ar, incluindo o fumo passivo. De acordo com os pesquisadores, esse número mostra um considerável aumento em relação à primeira edição do estudo, realizado há dez anos.

Por outro lado, diminuiu o número de mortes relacionadas ao ambiente insalubre provocadas por doenças infecciosas, como diarreia e malária, normalmente relacionadas a falta de tratamento de água, saneamento e gerenciamento do lixo. Segundo a OMS, o aumento do acesso à água potável e programas sanitários tiveram papel chave neste declínio, junto com maior acesso à vacinação, medicamentos essenciais e redes com inseticidas para evitar picadas de mosquitos.

— Um ambiente saudável sustenta uma população saudável — disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. — Se os países não tomarem medidas para tornar mais saudável o ambiente onde as pessoas vivem e trabalham, milhões vão continuar ficando doentes e morrendo jovens.

Segundo o relatório, crianças com menos de 5 anos e adultos entre 50 e 75 anos são os mais impactados, com 1,7 milhões e 4,9 milhões de mortes, respectivamente. Os mais jovens sofrem principalmente de infecções respiratórias e diarreias, enquanto os mais velhos sofrem com doenças não infecciosas. Também existe uma distribuição regional das mortes provocadas pela insalubridade no ambiente, que estão concentradas em países pobres e em desenvolvimento do Sudeste Asiático e das regiões do Pacífico Ocidental, com 7,3 milhões de mortes. O continente africano também é bastante impactado, com 2,2 milhões de mortes.

Entre as doenças, o acidente vascular cerebral responde por 2,5 milhões das mortes, seguido pela cardiopatia isquêmica, com 2,3 milhões de mortes; lesões não-intencionais, como mortes no trânsito, com 1,7 milhão; cânceres, com 1,7 milhão; e doenças respiratórias crônicas, com 1,4 milhão.

O relatório apresenta estratégias que podem ser seguidas para reduzir o número de mortes. Por exemplo, o uso de tecnologias e combustíveis limpos para uso na cozinha, aquecimento e iluminação pode reduzir o número de infecções e doenças respiratórias, problemas cardíacos e queimaduras. A expansão do sistema de tratamento e distribuição de água e das redes de saneamento reduz os casos de diarreia.

Entre os exemplos de cidades que adotaram medidas positivas, o relatório destaca Curitiba, capital do Paraná. De acordo com a OMS, o governo local investiu na melhoria das comunidades carentes, na reciclagem do lixo e num sistema de ônibus rápido, integrado com espaços verdes e calçadas para pedestres que encorajam a caminhada e o uso de bicicletas. Apesar de a população ter multiplicado por cinco nas últimas cinco décadas, os níveis de poluição do ar são relativamente mais baixos que em cidades similares e a expectativa de vida é dois anos maior que a média do país.

— Existe uma necessidade urgente de investimentos em estratégias para reduzirmos os riscos ambientais em nossas cidades, casas e espaços de trabalho — disse Maria Neira, diretora da OMS. — Tais investimentos podem reduzir significativamente o crescente número de casos globais de doenças cardiovasculares e respiratórias, lesões e cânceres, o que reduzirá imediatamente os custos dos sistemas de saúde.


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