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Vendas do comércio caem 0,9% e registram pior março desde 2003

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RIO – As vendas do comércio registraram recuo de 0,9% em março, segundo dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. O desempenho foi o pior para o mês desde 2003, quando o varejo encolheu 2,4%. Frente a março de 2015, o volume de vendas caiu 5,7%. Foi a 12ª vez seguida em que houve variação negativa nessa comparação. O dado também é o pior para março em 13 anos, quando tombou 11,4%.

Em 12 meses, as vendas acumularam perda de 5,8% — pior resultado da série histórica, iniciada em dezembro de 2001, mantendo a trajetória descendente desde julho de 2014 (4,3%). No primeiro trimestre, a queda foi de 7% e a 21ª taxa negativa consecutiva nessa análise. As vendas do varejo caíram em 13 dos últimos 16 meses e estão 17,8% abaixo do pico registrado em agosto de 2012.

A receita nominal caiu 0,4% na passagem de fevereiro para março. Já na comparação com fevereiro de 2015, cresceu 6,2%. No ano, acumulou alta de 4,7% e em 12 meses, de 3,1%.

O varejo ampliado — que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção — voltou ao terreno negativo, com queda no volume de vendas de 1,1% frente a fevereiro, quando havia crescido 1,4%. Já a receita do setor recuou 0,8% em março relação ao mês anterior. Frente a março do ano passado, as vendas caíram 7,9% e a receita cresceu 0,6%. No primeiro trimestre deste ano, o volume de vendas tombou 9,4%. No acumulado em 12 meses, a perda é a ainda mais intensa, de 9,6%. A receita variou para baixo em 0,7% e 2,2% respectivamente.

Segundo o IBGE, o fraco desempenho do comércio varejista reflete, entre outros fatores, a alta na taxa de juros do crédito às pessoas físicas, que passou de 33,3% ao ano em março de 2015 para 40,9% ao ano em igual mês deste ano. A diminuição do ritmo da atividade econômica também ajuda explicar os dados da PMC.

QUEDA EM SEIS DAS OITO ATIVIDADES

Na passagem de fevereiro para março, o IBGE registrou queda no volume de vendas de seis das oito atividades pesquisadas. O resultado foi puxado para baixo por hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com recuo de 1,7%, após registrar expansão de 0,8% no mês anterior; móveis e eletrodomésticos, que passou de alta de 6,1% em fevereiro para contração de 1,1% em março; e combustíveis e lubrificantes, que caiu 1,2% em março, após leve alta de 0,3% em fevereiro.

De acordo com o IBGE, tecidos, vestuário e calçados (-3,6%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%) registraram pela terceira vez seguida em 2016.

Já equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%) ficaram no terreno positivo.

Ainda na comparação com fevereiro, o comércio varejista ampliado caiu 1,1%, com veículos e motos, partes e peças e de material de construção voltando a registrar variações negativas de -0,5% e -0,3%, respectivamente.

Frente a março de 2015, as vendas caíram 5,7%, pressionadas para baixo por móveis e eletrodomésticos (-13,8%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,9%); tecidos, vestuário e calçados (-14,1%), combustíveis e lubrificantes (-10,1%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,9%); livros, jornais, revistas e papelaria (-16,2%). Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos foi o único segmento a registrar resultado positivo, com alta de 2%.

O comércio varejista ampliado, com queda de 7,9% frente a março de 2015, recuo de 9,4% no primeiro trimestre e tombo de 9,6% no acumulado em 12 meses, registrou tais resultados negativos por causa do menor ritmo na oferta de crédito e da restrição orçamentária das famílias, diante da diminuição real da massa de salários, de acordo com o IBGE.

O setor de veículos, motos, partes e peças, caiu 11,1% na comparação com março de 2015 — a 25ª taxa negativa seguida —, acumulando -13,5% no primeiro trimestre e -17,6% em 12 meses. Material de construção, com variação de -14,6% frente a março de 2015, registrou a nona taxa negativa consecutiva nessa comparação, com -14,7% no ano e -10,9% em 12 meses.

QUEDA EM 26 DAS 27 UNIDADES DA FEDERAÇÃO

O IBGE apurou queda no volume de vendas do varejo em 26 das 27 unidades da federação na passagem de fevereiro para março. Os principais destaques ficaram com Acre (-6,9%); Espírito Santo (-5,2%); Amapá (-5,0%) e Rondônia (-4,8%). Sergipe (0,7%) foi o único estado a ficar no azul.

Em relação a março do ano passado, houve queda também em 26 das 27 unidades da federação — Minas Gerais foi a exceção, com alta de 1,3%. Destacaram-se Amapá (-22,1%), Acre (-16,7%), Bahia (-12,3%), Pará (-11,9%). Já os maiores impactos na taxa global vieram de São Paulo (-4,7%) e Rio de Janeiro (-4,5%).

O mau desempenho do comércio varejista ampliado não poupou nenhuma unidade da federação. Os piores números vieram de Espírito Santo (-20,1%); Amapá (-18,6%); Maranhão (-17,7%) e Pernambuco (-16,7%). São Paulo (-3,6%), Rio de Janeiro (-6,4%) e Rio Grande do Sul (-11,6%) foram os que mais impactaram o resultado geral.

RESULTADO DE FEVEREIRO E DE 2015

Em fevereiro varejo surpreendeu na comparação com janeiro. As vendas registraram alta de 1,2%, a melhor taxa para o mês desde 2010 (2,7%). O resultado também foi o melhor na passagem de um mês para o outro desde julho de 2013 (3%). Frente a fevereiro de 2015, o volume de vendas caiu 4,2% — pior taxa para o mês desde o início da série do IBGE, em 2001. Em 12 meses, o volume de vendas acumulou perda de 5,3%. No ano, a queda foi de 7,6%.

Em 2015, após 11 anos de crescimento ininterrupto, as vendas do varejo fecharam com uma queda de 4,3% — a pior da série iniciada em 2001 e o primeiro recuo desde 2003, quando o volume de vendas encolheu 3,7%. No acumulado em 12 meses, a taxa foi a pior desde novembro de 2003 (-4,6%).


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