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Preços de ativos de luxo ficam ‘mais em conta’

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NOVA YORK – Após anos de preços aumentando, o valor de ativos de luxo está começando a se estabilizar e, em alguns casos, até a cair. Os volumes estão caindo, os preços estão sendo reduzidos e alguns lotes de leilões não estão sendo arrematados. Entre os fatores apontados pelo “New York Times” estão a queda dos preços do petróleo e das commodities, a desaceleração da economia chinesa e a perspectiva de juros mais altos nos EUA.

— Nós acabamos de passar por um boom diferente de qualquer coisa que tenha visto em 30 anos de negócio — afirma Jonathan J. Miller, diretor executivo da Miller Samuel, consultoria e imobiliária de luxo, sobre as vendas de mercado — Os difíceis compradores de ativos esfriaram ao mesmo tempo.

Em Manhattan, alguns corretores de imobiliárias de luxo cortaram os preços. O preço anunciado em um condomínio na Park Avenue, uma das principais na cidade, caiu em US$ 18,5 milhões, ficando abaixo dos US$ 30 milhões. outros reduziram preços para apartamentos na região ao sul do Central Park em US$ 7 milhões no ano passado, inferiores a US$ 18 milhões, e desde então, já baixaram outros US$ 2 milhões. Nenhum deles foi vendido.

Os preços permanecem inatingíveis para a maioria das pessoas a não ser os ultrarricos. Ainda assim, o impacto é significante: 189 apartamentos foram vendidos no ano passado por mais de US$ 10 milhões, o que representa queda de 12% frente a 2014, segundo o CityRealty, que acompanha vendas de imóveis.

IMPACTO NO MERCADO DE ARTE

E o mercado de arte também sente essa mudança de comportamento da elite. Os principais leilões de Londres em fevereiro registraram queda nas vendas: com recuos de 35% e 50% na Christie’s e na Sotheby’s, duas casas de leilões. E o mercado de capitas responde a isso: as ações da Sotheby’s recuaram 45% desde o ápice de US$ 47 por papel em junho passado.

Em uma venda muito acompanhada pelo mercado, o financiador malaio Jho Low vendeu o quadro de Picasso “Tête de femme” por US$ 27 milhões, o que representa perda de US$ 13 milhões (sem considerar comissões) já que comprou a pintura na Sotheby’s por US$ 40 milhões em 2013.

— Estamos vendo mais restrição por megacompradores, tanto individuais, quanto instituições — afirma Evan Beard, executivo do U.S. Trust, que aconselha altos clientes. — Muitos aspirantes olharam para toda a incerteza (do cenário global) e decidiram se retirar dessa temporada.

O esfriamento do mercado é especialmente para carros clássicos, a categoria de produtos de luxo que teve o maior aumento de preços nos últimos dez anos, de 490%, segundo o Relatório de Riqueza Knight-Frank 2016. Os leilões de carros em janeiro nos Estados Unidos viram as vendas caírem 15% com relação ao ano passado, a primeira queda desde 2010.

— Os preços estão caindo com relação ao ano passado — afirma Eric Minoff, especialista no setor na casa de leilões Bonhams. — Não se pode ter 20% de valorização todo ano. Mas se você comprou em 2008, ainda está longe.

Apesar dos ultrarricos pagarem frequentemente em dinheiro, a liquidez de compradores em potencial também está retraindo, segundo Beard. Os credores estão mais cautelosos quanto ao financimento de compras exóticas. As casas de leilões estão menos dispostas a estender as chamadas garantias de preço a vendedores.

Após cinco anos de preços subindo e febres de compras, alguns ricaços podem simplesmente estar saturados.

— Há apenas alguns muitos bilionários por aí — afirma Miller. — Apesar de rodarem de um lugar para outro pelo mundo, em algum momento você questiona se eles não têm o bastante.


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