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‘O IBGE precisa de uma sede’, diz presidente do instituto

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RIO – Mais recursos, uma sede, registros integrados com as pesquisas são os pleitos da primeira mulher a presidir o IBGE em 80 anos, Wasmália Bivar. Ela fala sobre as crises recentes do instituto, os próximos projetos. O orçamento do IBGE está congelado desde 2013 e, em termos reais, é menor que o de 2012:

— Para a instituição que vem se mantendo assim, e com produção crescente, acho que já bateu no nosso limite (corte de verbas). Cortes maiores no Orçamento e menos pessoal, a gente não suporta mais.

Ao completar 80 anos, quais os desafios do IBGE?

Essa agenda internacional de desenvolvimento sustentável coloca um desafio enorme para o mundo inteiro. A divisão de estatística da ONU fez estudo que mostra que mesmo os países desenvolvidos e com sistemas estatísticos consolidados dispõem de 50% das informações para construir os indicadores. Imagine o resto do mundo? Boa parte do desafio dessa agenda está justamente nas informações ambientais. Estamos trabalhando nas contas econômicas ambientais.

O IBGE tem tentado integrar registros administrativos e pesquisas…

Conseguimos incluir no Plano Plurianual 2016-2019 uma ação para aprimorar a gestão da informação estatística, geocientífica e os registros administrativos em geral. Qualquer ação pública gera um registro. Pessoas, empresas, entidade, justiça, segurança, meio ambiente. Precisamos que os registros estatísticos definam padrões e orientações. Tem uns dados que não são divulgados ou não são sistematizados. Por exemplo, a área de segurança é um dos maiores desafios, porque são dados que estão a nível estadual, cada estado usa sua própria classificação do que é crime. Então, mesmo que os estados liberem os dados, vai demorar tanto tempo compatibilizando as informações que quando divulgarmos o resultado final estaremos fazendo história, não dando informação. Estaremos fazendo arqueologia.

E os dados fiscais?

O desafio é de outra natureza. O desafio é o sigilo. Nós somos detentores do sigilo estatístico. Na nossa história, não tem qualquer reclamação de que um dado vazou. Mas a Receita Federal diz que o que vale é o sigilo dela, o sigilo fiscal. E a gente acha que o sigilo estatístico prevalece sobre o sigilo fiscal. O que entra aqui não pode ser usado como prova ou num processo de Justiça. O Brasil precisa enfrentar essa questão porque, em alguns casos, significa um ônus para o Estado, porque tem informações que mais de um órgão está levantando.

Como resolver essa recorrente falta de recursos? E o IBGE não deveria ter sua própria sede?

É claro que tudo tem limite (corte de verbas). Para a instituição que vem se mantendo assim, e com produção crescente, acho que já bateu no nosso limite. Cortes maiores que esses e menos pessoal, acho que a gente não suporta mais. Nosso orçamento está congelado desde 2013, descontando a inflação. E é claro que o IBGE precisa de uma sede. Nossa gestão no Rio de Janeiro é muito espalhada, o que traz ineficiência. A parte dos marcos geodésicos, por exemplo, fica em Parada de Lucas (Zona Norte do Rio). Fazemos reuniões aqui (no Centro), e a chance de alguém não chegar é alta.


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