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Mansueto Almeida: novo chefe do Tesouro assinou programa de Aécio

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RIO – Indicado para comandar o Tesouro Nacional, o economista Mansueto Almeida não é iniciante em Brasília. O especialista em política fiscal — reconhecido por seus pares como um dos mais capacitados do país nessa área — retorna ao governo mais de 25 anos depois de integrar a equipe econômica do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na época, no entanto, ocupava cargo de menor peso: entre 1995 e 1997, foi coordenador-geral de política monetária e financeira, função ligada à Secretaria de Política Econômica (SPE), na época comandada por José Roberto Mendonça de Barros.

Embora tenha tido uma passagem curta pela equipe daquele governo, Mansueto manteve-se próximo ao mundo da política, principalmente ao PSDB. O economista é filiado à sigla desde 1995, segundo dados do diretório do partido no Ceará, seu estado natal. Anos depois, entre 2003 e 2010, foi assessor técnico do gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), durante seu primeiro mandato. Ele voltaria a ter contato com o partido em 2014, quando elaborou o plano econômico do candidato à presidência Aécio Neves, ao lado dos economistas Samuel Pessoa, Arminio Fraga e José Roberto Mendonça de Barros.

Mansueto é funcionário de carreira do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do qual é licenciado. É formado pela Universidade Federal do Ceará, tem mestrado pela USP e é doutor pelo Massachussetts Institute of Technology (MIT), nos EUA.

Em entrevistas, costuma destacar a crise fiscal pela qual passa o país. Presente nas redes sociais, escreve em um blog e no Twitter, onde tem quase 8 mil seguidores. No espaço virtual, costuma compartilhar links sobre política e economia, além de se posicionar sobre os rumos da política econômica.

META FISCAL É DESAFIO

Nos últimos anos, Mansueto firmou carreira como consultor independente. Samuel Pessoa, colega desde os tempos do trabalho no gabinete de Tasso Jereissati, lembra que as incertezas em relação à política fiscal acabaram gerando uma demanda por clientes que precisam da consultoria de especialistas como Mansueto.

— Uma pessoa com competência dele passou a ser extremamente importante. Não aconteceu só com o Mansueto. Um dos efeitos do petismo é que, como eles destruíram a política fiscal, todos os profissionais que tinham muito do assunto passaram a ser muito requisitados.

Agora, no comando do Tesouro, Pessoa acredita que o amigo se sairá bem. Ele destaca que Mansueto é ágil para escrever e analisar dados.

— É a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa — afirma.

Ex-companheiro de equipe, Mendonça de Barros destaca que Mansueto é de fácil convivência e qualificado para o cargo. Para o economista, o novo chefe do Tesouro melhorará a transparência do órgão:

— Ministros recentes não foram exatamente transparentes no quadro fiscal. Tanto que, no começo do ano, falavam que ia ter superávit e, no meio do ano, tínhamos resultado negativo.

A relação dos dois economistas começou também em um período de crise. Naquela época, conta Mendonça de Barros, Mansueto já mostrava habilidade com os números, embora fosse ainda jovem — havia concluído o mestrado há apenas um ano.

— Ele era bem mais moço e já era economista bastante qualificado. Acompanhava a parte fiscal, mas fazia mais do que isso. Naquela ocasião, fizemos vários artigos analisando o Proer, que lidava com os bancos da crise bancária. Mostramos que era um programa relativamente barato comparado a outros internacionais de resgate bancários — recorda.

O amigo — com quem reatou o contato recentemente, durante a campanha de Aécio — lembra que Mansueto terá pela frente um grande desafio já de largada: trabalhar sobre a nova meta fiscal do governo.

— Negociação com os estados é apenas um dos itens. Parte do trabalho vai ser resgatar o conjunto de regras que a gente chama de regime fiscal. É um trabalho importante, de visão, de regulamentação. No curto prazo, a primeira coisa é passar a nova meta. O primeiro incêndio aí na frente é esse. Ele não vai ficar à toa, trabalho não vai faltar.


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