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Inflação oficial fica em 0,78%, maior taxa para maio desde 2008

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RIO – A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,78% em maio, informou nesta quarta-feira o IBGE. A taxa é a maior para o mês desde 2008 e ficou acima da expectativa de analistas era que o indicador registrasse 0,72%, de acordo com o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central. Em abril, o índice subiu 0,61%.

Nos cinco primeiros meses do ano, a taxa é de 4,05% — abaixo dos 5,34% registrados em igual período de 2015. Já no acumulado em 12 meses até maio, o IPCA ficou em 9,32%. O número ainda está acima do teto da meta definida pelo governo para este ano, de 6,5%. A expectativa dos analistas ouvidos pelo BC é que a inflação feche o ano em 7,12%. Segundo os economistas, a alta de preços só chegaria ao centro da meta, de 4,5%, em 2019.

A maior contribuição individual ao IPCA de maio veio de água e esgoto, do grupo Habitação (1,79%). A alta de 10,37% respondeu por 0,15 ponto percentual da inflação do mês passado, puxada pela variação de 41,9% registrada na região metropolitana de São Paulo devido ao fim do programa de bônus por redução e de ônus por aumento de consumo de água, juntamente com reajuste de 8,40% sobre o valor das tarifas.

O grupo que registrou a segunda maior alta em maio foi saúde e cuidados pessoais, com variação de 1,62%, porque o preço dos remédios, que já havia subido 6,26% em abril, ficou 3,10% mais caro no mês passado. Nos dois meses, a alta acumulada como parte do reajuste de 12,50% que começou a valer em 1º de abril é de é de 9,55%. Artigos de higiene pessoal (1,17%), plano de saúde (1,06%) e serviços médicos e dentários (0,91%) também pressionaram o resultado do grupo.

Com alta de 9,33%, refletindo reajustes entre 3% e 14% que passou a vigorar em 1º de maio, o cigarro foi a principal alta do grupo despesas pessoais (1,35%). Outros destaques ficaram como empregado doméstico (0,87%) e manicure (0,64%).

O grupo alimentação e bebidas voltou a registrar a alta, mas desacelerou ante abril. Em maio, a variação foi de 0,78%. No mês anterior, a elevação dos preços foi de 1,09%. Entre os principais aumentos estão o da batata inglesa, que ficou 19,12% mais cara e acumula alta de 50,91% no ano. A cebola subiu 10,09%; o feijão mulatinho, 9,85%; enquanto o feijão carioca ficou 7,61% mais caro.

Por outro lado, alguns alimentos ficaram mais baratos, sem, no entanto, zerar a alta acumulada no ano. O preço da cenoura despencou em maio, registrando deflação de 23,08%. No ano, ainda registra alta de 43,15%. Os ovos também ficaram mais baratos (-2,26%), mas também sobem no ano (8,58%). As hortaliças recuaram 2,07%, mas acumulam 16,92% nos cinco primeiros meses de 2016.

Nos demais grupos pesquisados pelo IBGE, os destaques de alta ficaram com TV, som e informática (2,57%), artigos de cama, mesa e banho (1,89%), roupa masculina (1,88%), roupa infantil (0,97%), automóvel novo (0,80%), emplacamento e licença (0,77%), roupa feminina (0,76%), motocicletas (0,72%), automóvel usado (0,60%), conserto de automóvel (0,59%), eletrodomésticos (0,48%).

As principais quedas foram registradas em etanol (-9,54%), passagem aérea (-8,22%), excursão (-1,28%), hotel (-0,98%), gasolina (-0,85%), gás de botijão (-0,74%), mobiliário (-0,42%).

Na análise por região, Fortaleza foi a que registrou a maior taxa de maio, de 0,99%, puxada por água e esgoto (9,30%) e energia elétrica (6,41%). A segundo maior ficou com São Paulo, com 0,93% no mês, acumulando 3,85% no ano e 9,42% em 12 meses. O IPCA no Rio de Janeiro ficou em 0,60% em maio. A menor variação foi observada em Goiânia (0,28%).

COPOM ANUNCIA SELIC HOJE

O dado do IBGE foi revelado horas antes da divulgação da taxa básica de juros, marcada para a noite desta quarta-feira. O Comitê de Política Monetária (Copom) está reunido desde ontem e a expectativa do mercado é que a Selic seja mantida em 14,25% ao ano. Os juros são uma das formas de inibir a alta de preços.

Domar o comportamento da inflação é a principal missão do novo presidente do BC, o economista Ilan Goldfajn. Durante sessão no Senado em que foi aprovado como novo chefe da autarquia, ele destacou o objetivo de alcançar rapidamente a meta de inflação. E defendeu, ainda, o “bom e velho” tripé macroeconômico — conceito que combina meta de inflação, câmbio flutuante e meta de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública).

*Colaborou Marcello Corrêa


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