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Erros durante o ‘boom’ das ‘commodities’ assombram o Brasil, diz ‘WSJ’

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RIO – A crise econômica brasileira é tema de uma reportagem publicada nesta quarta-feira no site do jornal americano “The Wall Street Journal” (”WSJ”). O texto afirma que a crise atual não é como aquela vivida pelo país na década de 1990. De acordo com a publicação, nas décadas de 80 e 90, o Brasil tinha, regularmente, as chamadas “paradas repentinas” na economia. Além disso, o real sobrevalorizado e a taxa de inflação alta afetavam a competitividade e também encorajavam a tomada de empréstimos no exterior. Com a fuga do capital estrangeiro “a moeda entra em colapso, e governos, bancos ou companhias, entrariam em default em seus empréstimos em moeda estrangeira”.

Mas o cenário agora é outro, diz o “WSJ”. A moeda flutua, a inflação está em “10% e caindo”, a maioria dos empréstimos do país é em real, os bancos vão bem, e as reservas internacionais são “abundantes”. “Longe de ser uma parada súbita, a crise atual é a consequência de anos de subinvestimento, protecionismo e excesso de regulação”, afirma a reportagem, acrescentando que esses “problemas” vêm da época do boom de commodities, que agora se desvalorizaram.

‘SUCESSO CEGOU PARA FALTA DE REFORMAS’

Ainda conforme o texto, a atual turbulência política se relaciona com os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras, mas, ressalva, “o escândalo real é o quão pouco benefício a riqueza do petróleo do país produziu”. A reportagem destaca, ainda, a disparidade da renda dos brasileiros em relação aos americanos. A renda per capita aqui equivale a 27% da dos Estados Unidos, e o jornal destaca que essa proporção já foi maior: 30% em 2010 e 38% em 1980.

As dificuldades por que o Brasil passa não são diferentes daquelas encaradas por outras nações emergentes, como Rússia e África do Sul, sublinha a publicação, que aproveitaram o boom das commodities puxado pela economia chinesa. E tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto o Brasil acreditaram — equivocadamente — que esse boom era sustentável.

“O sucesso macroeconômico cegou as pessoas para a falta de reformas”, disse ao “WSJ” o economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn.

Para o jornal americano, o sistema de impostos no país era e continua sendo oneroso e muito complexo. “O extensivo crédito subsidiado aloca o capital no lugar errado e mina a política monetária”, conclui a publicação. O texto critica, ainda, a aplicação do capital vindo das commodities, dizendo que pouco disso foi investido na “lamentavelmente subdesenvolvida infraestrutura do Brasil”.


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