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Empreendedores tentam superar recessão com vendas na web

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Um setor cuja previsão de crescimento este ano é de 8% e que cresceu 15% no ano passado merece atenção, principalmente ao se levar em conta o atual cenário de crise. Esse é o caso do comércio pela internet, que vem ganhando novos empreendedores a cada dia. Só no Rio de Janeiro, mais de dez mil lojas virtuais foram abertas em 2015. Os números são de pesquisa da E-bit, empresa que avalia sites de vendas para consumidores e elabora estratégias de marketing para as empresas.

Segundo Gerson Rolim, diretor de comunicação e marketing da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, o aumento se deve, em grande parte, à facilidade de se abrir um negócio na rede.

— O comércio eletrônico é um dos segmentos de mercado que impõem menos barreiras para a abertura de novas lojas, é muito mais fácil do que abrir uma loja de tijolo e cimento. Existe esse aspecto da menor dificuldade, aliado ao impacto do grande número de demissões, de pessoas que perderam seus empregos no ano passado e se viram na necessidade de procurar novas fontes de renda — afirma.

A pedagoga Jeniffer Oliveira, de 25 anos, foi uma das empreendedoras atraídas pela facilidade do comércio eletrônico. Inicialmente, ela havia aberto uma loja de roupas e acessórios artesanais em Nova Iguaçu, no Rio. Mas sem capital para cobrir os custos, com menos de seis meses de inauguração Jeniffer tomou a difícil decisão de entregar o imóvel. Foi então que optou por investir no comércio virtual. Além do site, Jeniffer criou páginas em redes sociais e ferramentas para facilitar a comunicação com seus clientes, e agora comemora os bons resultados.

— A loja física é sinônimo de muitos custos. Eu tinha que vender muito só para conseguir pagar aluguel, condomínio, IPTU, conta de luz. E as vendas não estavam sendo suficientes. Foi então que eu decidi migrar para internet, para diminuir esses gastos. Mas percebi que, além de conseguir trabalhar melhor sem ter tantos compromissos, hoje consigo captar muito mais clientes, já que não estou restrita a um bairro — comemora.

Essa facilidade também chamou a atenção de Paola Bonelli, criadora do portal Um Olhar, que vende obras de arte para todo tipo de público. Com ele, pessoas que admiravam a arte, mas não tinham condições de comprar estão conseguindo, finalmente, ter peças em suas casas e seus escritórios. Devido à crise, artistas consagrados, como Edgar Duvivier e Flammarion Vieira, estão adotando novas estratégias de venda.

— Como tudo, o país está numa crise profunda, mas as pessoas estão procurando soluções. Outro dia, o Edgar Duvivier fez 40 maquetes da escultura da Clarice Lispector para viabilizar a instalação da estátua no Leme. Vendeu todas em uma semana e criou uma segunda, um pouco menor e mais em conta, que já estão à venda também — contou Paula.

A Um Olhar segue uma estratégia que Rolim afirma ser fundamental para quem está dando os primeiros passos no comércio digital: focar em um nicho de mercado. Isso porque quem faz uma loja que vende de tudo compete com os grandes, que, inevitavelmente, levam vantagem no preço e no estoque:

— Nós sugerimos que os produtos oferecidos sejam de nicho, como camisas de futebol e artesanatos de porcelana. Escolha um nicho e tenha uma grande quantidade e variação de produtos de uma categoria, porque essa é uma das poucas chances que o pequeno empreendedor tem de competir no mercado eletrônico — aconselha.

Mas isso não basta. Além de ter um segmento bem definido, é preciso se informar sobre o mercado virtual.

— Eu costumo brincar que as três dicas para quem quer abrir uma loja on-line são: planejamento, planejamento e planejamento. E eu falo isso porque o brasileiro não planeja. A máxima que o brasileiro deixa tudo pra a última hora, no fim das contas, é verdadeira. E as informações estão todas na internet, de graça. No site do Sebrae há muitas informações e treinamentos gratuitos, e a Câmara de Comércio tem o ciclo-E (road show gratuito), que tem Correios e Sebrae como associados e oferece palestras sobre como abrir um negócio, por exemplo — relata Rolim.


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