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Desembargador que desbloqueou WhatsApp não usa o aplicativo

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SÃO PAULO – Avesso às redes sociais e pouco familiarizado com tecnologia, Ricardo Múcio Santana de Abreu e Lima é o desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe que liberou o acesso ao WhatsApp. O serviço chegou a ficar suspenso por pouco mais de 24 horas entre segunda e terça-feira depois de determinação do juiz Marcel Montalvão da comarca da pequena cidade sergipana de Lagartos.

Diferente de outros 100 milhões de brasileiros, o desembargador não tem WhatsApp.

Ricardo Múcio, como é chamado, tem 54 anos e é dos mais jovens magistrados da região. Os que já trabalharam com ele relatam seu bom humor e isonomia no trato aos colegas independentemente do cargo.

— É um juiz muito dinâmico, dotado de elevado bom senso e inteligência. Sempre foi muito ágil nos julgamentos — disse à reportagem uma pessoa próxima.

Não à toa, em 2008, quando era juiz titular da 21ª Vara Cível de Sergipe, se destacou ao reduzir os atrasos nos julgamentos a 1,87% dos 589 processos em andamento. Em 1992, ele estava na mesma cadeira ocupada por Montalvão, em Lagartos. Pouco tempo depois foi transferido para a capital, assumindo a 1ª Vara Cível da Comarca de Aracaju.

Oriundo da tradicional família Abreu Lima de Sergipe, seguiu os passos do pai Alóisio de Abreu Lima, morto em 2012 que também era desembargador. Sua mãe, Maria Izabel, foi Procuradora de Justiça.

Foi aprovado no concurso para juiz em março de 1989. Em 2010 já fora nomeado desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe. Numa carreira que ascendeu rapidamente, essa nomeação como desembargador quase não ocorreu e gerou certa polêmica à época.

Sua posse foi suspensa na véspera de ocorrer em atendimento a uma ação movida pelo juiz João Hora Neto, que conseguiu uma liminar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que pedia ao Tribunal de Justiça esclarecimentos sobre os critérios adotados para tal a nomeação.

— Ricardo Múcio sempre foi muito próximo do presidente do TJ, Roberto Porto, que por sua vez era também amicíssimo de seu pai, doutor Alóisio — contou uma fonte que preferiu manter o anonimato.

Em seu discurso de posse no Tribunal, abriu a fala agradecendo a “Deus e a meus pais pelos exemplos de vida e apoio recebidos”. Em seguida, emendou: “Sou imensamente grato ao desembargador Roberto Porto e aos demais desembargadores”.

Trabalhador e prestativo, como relatam colegas de magistratura, ele mora com sua família num edifício de alto padrão, em frente ao Rio Sergipe e com vista para o mar.


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