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Dólar sobe a R$ 3,43 e Bovespa cai 3,3% com aversão global a risco

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RIO – Os mercados globais encerraram a semana em tom generalizado de aversão a risco, com especulações sobre os juros dos EUA valorizando o dólar e depreciando o petróleo e com a crescente preocupação dos investidores com uma possível saída britânica da União Europeia, que será decidida daqui a duas semanas.

O mercado local acompanhou o movimento, com o dólar comercial subindo pela segunda sessão seguida, avançando 0,82% e valendo R$ 3,431 na venda. Na máxima da sessão, atingiu R$ 3,449. Na semana, porém, houve desvalorização acumulada de 2,72%. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), todas as ações que compõem seu índice de referência caíram, fazendo o Ibovespa despencar 3,32%, aos 49.422 pontos. Foi a maior queda desde o início de abril. Na semana, a Bolsa acumulou queda de 2,37%.

Na Europa, o índice de referência do continente, o Euro Stoxx 50, despencou 2,61%, enquanto a Bolsa de Londres teve perda de 1,86%. Em Paris, a desvalorização foi de 2,24%, e em Frankfurt, de 2,52%. Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 0,67%, o S&P 500 registrou desvalorização de 0,92%, e o Nasdaq caiu 1,29%.

— Está havendo um movimento de fuga de risco, o que leva sobretudo à retirada de capital de países emergentes rumo aos EUA por meio da compra de dólares e títulos do Tesouro. Com a preocupação em relação ao chamado “Brexit”, os investidores resolveram reduzir suas posições e aguardar — disse Alexandre Soares, analista da corretora BGC Liquidez.

TÍTULO ALEMÃO ATINGE MÍNIMA HISTÓRICA

Um dos sintomas da aversão a risco é a redução da rentabilidade dos títulos públicos de países de referência. Como esses papéis são considerados super-seguros, de acordo com a lei da oferta e da procura, quanto mais investidores buscarem abrigo neles, menos eles renderão. Hoje, os títulos alemães com vencimento em dez anos atingiram sua menor rentabilidade já registrada, de 0,01%. Os títulos americanos de dez anos caíram a 1,63%, menores juros desde maio de 2013.

No mercado de commodities, o barril de petróleo do tipo Brent cai 2,85%, a US$ 50,47, com a valorização do dólar nos últimos dias (que pressiona para baixo o preço do produto) compensando a redução da oferta global provocada sobretudo por conflito na Nigéria. O dólar, por sua vez, avançou 0,64% contra uma cesta de dez moedas, de acordo com o índice Dollar Spot, da Bloomberg.

Os investidores estão mais avessos ao risco conforme se aproximam dois eventos importantes para os mercados. O primeiro deles, a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ocorrerá na semana que vem. Os investidores passaram a descartar uma elevação das taxas de juros nessa reunião após a divulgação de fracos dados obre o emprego no país, então qualquer surpresa seria um baque nas expectativas.

Outro evento-chave é o referendo britânico daqui a duas semanas. Um estudo divulgado hoje pela empresa de avaliação de risco Axioma estimou que as ações europeias podem perder cerca de um quarto do seu valor imediatamente após eventual saída do Reino Unido da União Europeia.

— Trata-se de um movimento global de aversão a risco e correção de preços, em uma semana em que, mesmo com o Copom, o mercado pouco observou questões domésticas. O mercado está muito ligado ao que deve acontecer nas próximas semanas. Há uma série de eventos previstos que deixa todo mundo um pouco mais cauteloso. Por isso há essa procura geral por ativos de menor risco — afirmou Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. — No caso da Bovespa, na verdade, o índice está voltando para onde estava. Acreditamos que ele poderá continuar caindo até retornar aos 48.400 pontos, onde teve início essa melhora.

O PREGÃO EM QUE TODAS AS AÇÕES CAÍRAM

Na Bovespa, todas as 59 ações que compõem o índice de referência fecharam em queda. A Petrobras ON recuou 6,13% (R$ 11,03), enquanto a PN teve baixa de 4,36% (R$ 8,78). Na Vale, a ON caiu 4,78% (R$ 14,95), e a PNA, 4,8% (R$ 11,90).

No setor bancário, o Banco do Brasil ON registrou desvalorização de 4,89% (R$ 16,55), e o Bradesco PN perdeu 3,99% (R$ 24,04). O Itaú Unibanco PN recuou 5,12% (R$ 28,90).

A ação ordinária da Embraer caiu 5,04% (R$ 18,07), depois de a fabricante de jatos ter anunciado nesta quinta-feira uma inesperada mudança no seu comando. O diretor executivo Frederico Curado surpreendeu investidores ao informar que deixará a companhia e será substituído por Paulo Cesar de Souza e Silva. A ação da Embraer chegou a cair 3,7%, atingindo o menor valor desde dezembro de 2013.


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