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BTG passa gestão da Leader à consultoria Alvarez & Marsal

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SÃO PAULO – Em uma última tentativa de encontrar um comprador para a Leader Magazine, o BTG Pactual passou o comando da varejista para as mãos da Alvarez & Marsal. A missão da consultoria será reestruturar a empresa, que tem mais de R$ 1 bilhão em dívidas, e torná-la atrativa a potenciais compradores.

A Alvarez & Marsal assumiu na quarta-feira o negócio, após cerca de um mês e meio de negociações. Em janeiro, O GLOBO já havia antecipado que a consultoria iria contribuir para a reestruturação da varejista, que encontra dificuldade no acesso até a linhas de crédito mais fáceis, como as de capital de giro. A ideia é negociar melhores condições com fornecedores e credores. Se a Leader voltar a ser viável, ficará mais fácil para o BTG Pactual vender a sua fatia na empresa, que é de 70% (incluindo a participação via fundos).

TRANSAÇÃO DEVE DEMORAR

Segundo fontes próximas à operação, uma recuperação judicial não está sendo cogitada neste momento. Isso porque, ao entrar com um processo como esse, a empresa tende a perder a atratividade e afastar os potenciais compradores — que já são poucos devido ao atual cenário macroeconômico e à desaceleração no varejo.

Um dos principais interessados na Leader é o advogado Fabio Carvalho, que é um dos controladores da Casa & Vídeo, com 49% das ações da empresa — os outros 51% são do fundo Polo. Ele mantém conversas sobre aquisição da rede, mas só irá desembolsar recursos e entrar no negócio se a empresa mostrar que é capaz de voltar a ser lucrativa. Por essa razão, pessoas a par do assunto afirmam que essa é uma transação que não será fechada no curto prazo, dada a sua complexidade.

Carvalho, por sinal, já tem algum conhecimento em relação à Leader, fundada há 65 anos pela família Gouveia. O advogado era um dos consultores da Alvarez & Marsal quando a consultoria contribuiu para a expansão da varejista entre 2006 e 2009 — um período de forte atividade econômica no país, com a entrada de novos consumidores no mercado.

SINERGIA NÃO DEU CERTO

Foi em função dessa expansão, em uma época de farta oferta de crédito, que o BTG entrou no negócio, em 2012. Não há um consenso sobre o valor justo da Leader, mas, com certeza, o montante que o banco conseguirá por sua participação será bem inferior ao R$ 1 bilhão desembolsado na época.

A Leader, já sob o controle do BTG, comprou, em 2013, a Seller. A ideia era que as duas redes, juntas, ganhariam escala e, com uma estrutura em comum, despesas seriam reduzidas. Mas essa sinergia não se confirmou, e o varejo começou a ser fortemente afetado pela desaceleração da economia e pelas crescentes restrições ao crédito impostas pelos bancos.

Ao fim de 2015, além da dívida de R$ 1 bilhão, a Leader registrou prejuízo de cerca de R$ 200 milhões, apesar do faturamento da ordem de R$ 2 bilhões ao ano. E, se não bastasse tal situação, o BTG se viu forçado a empreender um esforço para se desfazer de vários ativos, a fim de manter a liquidez dos seus negócios bancários — duramente afetados com a prisão de seu então presidente, André Esteves, em novembro, no âmbito da Operação Lava-Jato.


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