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Bolsa cai quase 2% com incerteza em relação ao impeachment

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SÃO PAULO – Em meio a um cenário político conturbado, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acelera as perdas nesta tarde. O Ibovespa recua 1,92%, aos 48.109 pontos, com os investidores incertos em relação à aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Já o dólar perde força em escala global após novas sinalizações sobre política monetária nos Estados Unidos. Às 16h14, a moeda americana era negociada a R$ 3,647 para compra e a R$ 3,649 para venda, recuo de 0,84% ante o real.

Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor, acredita que essa queda mais acentuada é reflexo de um cenário de maior incerteza. O mau humor teve início pela manhã, com notícias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria conseguido garantir votos suficientes para barrar o impedimento da presidente. No início da tarde, a informação de que o PP deve continuar na base do governo até a votação do impeachment acelerou esse movimento.

— Há um pouco de realização, já que a Bolsa subiu muito sem fundamento econômico para dar sustentação. Mas o mercado está mais indeciso e isso se traduz na queda. A Bolsa irá trabalhar com bastante volatilidade até a votação do impeachment — avaliou.

Por outro lado, cresce a expectativa de que novas notícias em relação às delações premiadas possam fazer o impeachment seguir adiante. Os agentes dos mercados financeiros têm sido favoráveis a uma mudança de governo, o que faz a Bolsa subir e o dólar cair quando há sinais de enfraquecimento no governo Dilma Rousseff.

— Não estamos em um dia de pessimismo geral. As Bolsas no exterior sobem um pouco. Mas ocorre uma realização natural após essa alta em dólar — avaliou Paulo Eduardo Nogueira Gomes, economista-chefe da Azmut Brasil.

Na Bolsa, o desempenho dos grandes bancos fazem o Ibovespa ficar em terreno negativo. Gomes, da Azmut, lembra que a Bolsa, em dólar, já subiu cerca de 20% no ano, o que justifica uma realização de lucros por parte dos investidores, em especial os estrangeiros.

As ações preferenciais (PNs, sem direito a voto) do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 2,76% e 3,10%.

Também pesa de forma negativa o desempenho dos papéis da Vale, que anunciou nesta quarta-feira uma redução nos investimentos. Os preferenciais caem 2,31% e os ordinários têm recuo de 1,24%.

Já as ações caem apesar da recuperação do preço do petróleo no mercado internacional. As preferenciais recuam 1,91%, cotadas a R$ 7,68, e as ordinárias (ONs, sem direito a voto) têm leve queda de 0,10%, a R$ 9,81. No mercado internacional, os preços do petróleo estão em recuperação. O barril do tipo Brent sobe 4,96%, a US$ 39,75.

DÓLAR PERDE FORÇA

Pela manhã, o dólar já variou entre a mínima de R$ 3,638 e a máxima de R$ 3,71. O andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na comissão especial da Câmara dos Deputados, está no foco de atenção de investidores e analistas. No entanto, a divulgação da ata da reunião do Federal Reserve (Fed, o bc americano) fez a moeda perder força em escala global.

— Há a questão do impedimento também do vice Michel Temer e a expectativa do parecer do relator da comissão do impeachment. O mercado está digerindo todas essas notícias — explicou Nogueira Gomes, da Azmut Brasil.

No exterior, o dólar opera com perdas, com variação negativa de 0,19% no “dollar index”, calculado pela Bloomberg.

Já no mercado acionário externo, os principais indicadores operam em alta. O Dow Jones sobe 0,50% e o S&P 500 tem alta de 0,51%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, registrou valorização de 0,64%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, e o FTSE 100, de Londres, subiram, respectivamente, 0,81% e 1,16%.


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