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BC volta a intervir e dólar fecha em alta de 1,48%, a R$ 3,491

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SÃO PAULO – O Banco Central (BC) voltou a atuar com mais força no mercado de câmbio, levando a moeda americana a fechar em alta nesta segunda-feira. O dólar comercial encerrou os negócios cotado a R$ 3,489 na compra e a R$ 3,491 na venda, valorização de 1,48% ante o real. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 0,65%, aos 53.561 pontos.

Na máxima a cotação chegou a R$ 3,509. O BC fez nesta manhã um leilão de 40 mil contratos de swap cambial reverso, que possuem o efeito de uma compra de moeda no mercado à vista. Esse montante equivale a US$ 2 bilhões. A autoridade monetária conseguiu fazer a colocação integral desses papéis, enxugando a liquidez do mercado e, assim, contribuindo para a alta da moeda. Na sexta-feira, a divisa fechou em queda, a R$ 3,44, a menor cotação em nove meses.

Na avaliação de Ítalo Abucater, gerente de câmbio da corretora Icap do Brasil, o BC ficou ausente na semana passada porque não quis interferir na formação da taxa Ptax do final do mês – a autoridade monetária atuou apenas na sexta-feira, mas com um volume baixo e parte das operações foi feita após o fechamento da taxa. Essa cotação é calculado pela autoridade monetária com base nas operações diárias e serve como base para a liquidação de contratos do mercado financeiro. Todo final de mês, ocorre uma disputa entre os investidores que apostam na alta da cotação e aqueles que esperam por uma desvalorização.

— O BC ficou praticamente ausente na semana passada e agora voltou mais agressivo. Ele optou por não atuar tanto nos últimos dias de abril para não distorcer a formação da Ptax — explicou.

O BC voltou a ofertar contratos de swap reverso em 22 de março. Pontualmente, há uma pressão sobre a cotação do dólar, já que a operação equivale a uma compra de moeda. Mas, mais do que isso, a autoridade monetária está conseguindo reduzir a sua exposição à variação do dólar, que acaba por afetar as contas públicas. O estoque líquido de contratos de swap tradicional (que equivalem a venda de moeda) caíram no período de pouco mais de US$ 108 bilhões para menos de US$ 70 bilhões. Agora, se o dólar voltar a subir, terá efeito sobre um estoquemenor desses contratos.

— A autoridade monetária está aproveitando o cenário global para reduzir esse estoque, ficando sempre nessa taxa de R$ 3,50. É também uma forma de deixar o BC menos vulnerável caso o Federal Reserve (Fed, o bc americano) mude a sua estratégia de juros para o segundo semestre — disse Abucater.

NA CONTRAMÃO DO EXTERIOR

A divisa no Brasil foi na contramão do mercado externo. O dólar registrava queda de 0,51% perto do horário de encerramento dos negócios no Brasil, segundo o “dollar index”, calculado pela Bloomberg.

A autoridade monetária também anunciou que o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as transações com moeda estrangeira em espécie será elevada de 0,38% para 1,10% a partir de terça-feira. Para analistas, no entanto, essa medica não tem impacto sobre as cotações.

— Mas o dólar respondeu ao leilão de swap reverso. Os anúncios de final de semana relacionados a correção da tabela do Imposto de Renda e o reajuste do Bolsa Família, assim como a medidas que alteram o IOF em operações de câmbio e compromissadas para os bancos não tiveram impacto sobre a precificação do dólar — disse Ricardo Gomes da Silva, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.

BANCOS EM QUEDA

A Bolsa opera em terreno negativo devido ao comportamento das ações do setor bancário. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram, respectivamente, 2,73% e 1,96%. No caso das ordinárias (ONs, com direito a voto) do Banco do Brasil, a queda foi de 2,53%. Contribuiu para essa queda a decisão da Receita de acabar com o incentivo para as captações de debêntures de empresas de leasing, o que era feito por todos os grandes grupos bancários.

Também contribuiu para a queda do índice o desempenho das ações da Petrobras. As preferenciais recuaram 0,58%, cotadas a R$ 10,17. Já as ordinárias ficaram estáveis, cotadas a R$ 13,27. Apesar da queda, os papéis tiveram desempenho melhor que o petróleo do tipo Brent, que recuava 3,08%, a US$ 45,91.

No exterior, a maior parte dos índices do mercado acionário operam em alta. O DAX 40, de Frankfurt, sobe 0,84%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, sobe 0,31%. Já o FTSE 100, de Londres, cai 1,27%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones sobe 0,46% e o S&P 500 tem alta de 0,36%.


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