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BC reduz previsão de inflação para 2017, que fica na meta de 4,5%

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BRASÍLIA – O Banco Central informou nesta quinta-feira que a previsão para a inflação no ano que vem, enfim, chegou à meta. Nas contas da autarquia, a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou o objetivo de 4,5%. No entanto, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, reafirma que ainda é cedo para começar a cortar os juros porque a inflação ainda está num patamar alto.

Os exercícios feitos pelos técnicos do BC mostram que, se a Selic fosse mantida no patamar atual e o dólar continuasse na casa dos R$ 3,60, a inflação para este ano aumentaria, mas — no fim do ano que vem — a taxa chegaria exatamente na meta.

“Já para 2017, houve redução da projeção no cenário de referência, que atinge a meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)”, diz o documento.

Mesmo com perspectivas melhores, o BC ainda acha cedo para começar a cotar do juros básicos, que estão em 14,25% ao ano. A inflação nos últimos 12 meses está em 9,32%: mais que o dobro da meta.

“O Comitê ressalta que, apesar dos avanços no combate à inflação, há incertezas associadas ao balanço de riscos, notadamente relacionadas ao gradual processo de recuperação dos resultados fiscais, e que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto. Adicionalmente, que remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial”, diz o documento, que completa: “Nesse contexto, o Comitê reitera que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017. Nesse contexto, ressalta que o cenário central não permite trabalhar com a hipótese de flexibilização das condições monetárias”.

Entre os motivos de a inflação estar elevada e resistente, o Copom incluiu “choques temporários de alimentos” e também as incertezas em relação às perspectivas para a economia dos Estados Unidos.

Mais uma vez, o Copom culpou a indefinição fiscal pela desancoragem da inflação de 2016 e reafirmou que esse é o maior risco para o controle de preços. No entanto, mudou o que disse sobre a política fiscal na ata de abril. O comitê retirou o trecho que diz que a situação das contas públicas “contribui para acentuar a percepção negativa sobre o ambiente macro econômico, além de impactar negativamente as expectativas de inflação”.

Copom reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias recentemente anunciadas para as variáveis fiscais. Ou seja, o rombo de R$ 170 bilhões para este ano e a promessa de transparência, pagamento de pedaladas e também compromisso de não alterar a meta fiscal.

“Ressalte-se a importância de se garantir uma trajetória de resultados primários que permita a estabilização e a posterior redução do endividamento público em relação ao PIB, medida crucial para reforçar a percepção positiva sobre o ambiente econômico, para melhorar a confiança dos agentes e para contribuir para a ancoragem das expectativas de inflação”, incluíram os diretores no texto.

De acordo com os economistas, entretanto, a recessão econômica, a alta do desemprego e queda do consumo tende a frear os preços daqui para frente. A troca de comando do BC aumenta essa expectativa. O novo presidente, Ilan Goldfajn, defende a volta do tripé econômico: inflação controlada, política fiscal austera e câmbio flutuante.

“Dada a profundidade incomum, amplitude e duração da contração econômica, e o fato de que as condições financeiras globais são bastante restritivas, a inflação começa a ser controlada. Esperamos que o Banco Central flexibilize os juros antes o fim do ano em curso”, ressaltou o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.

“A expectativa de que a administração Temer poderia mostrar progressos tangíveis em termos de consolidação orçamental a curto e médio prazo poderia ajudar a ancorar o Real e melhorar as expectativas de inflação. Isso poderia dar ao banco central liberdade para calibrar a política monetária em um nível menos restritiva.”


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