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De comunista ela não tem nada! A empresa do marido e cunhado de Vanessa Grazziotin “Pool engenharia” faturou R$ 75 milhões com o Governo Federal

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Manaus – Líderes políticos do Amazonas defendem que órgãos de controle analisem se há irregularidades nos contratos firmados entre a Pool Engenharia e entes do governo federal. No domingo (26), a Rede Diário de Comunicação (RDC) publicou reportagem sobre o fato da Pool Engenharia, do empresário Efraim Braga Bezerra, cunhado da senadora Vanessa Grazziotin e irmão do ex-deputado estadual Eron Bezerra, ambos do PCdoB, ter faturado, pelo menos, R$ 75 milhões, entre 2004 e 2006, e mantém contratos de R$ 115 milhões com o governo federal.

Em abril de 2014, Vanessa chegou a fazer um requerimento, no Senado, solicitando informações ao Ministério de Minas e Energia sobre atrasos no pagamento de serviços do ‘Luz para Todos’ no Amazonas, citando oito empresas, entre elas a Pool.

Para o deputado federal Silas Câmara (PRB), a senadora cometeu tráfico de influência ao fazer o requerimento de pedido de informações. “Este caso deve ser investigado, não tenho dúvida nenhuma. Isto é tão crime quanto o (presidente da Câmara dos Deputados afastado) Eduardo Cunha (PMDB) praticou, não tem diferença nenhuma”, disse.

Ainda segundo Câmara, “a senadora, junto com os militantes dela, disseram que o Eduardo Cunha deveria ser cassado porque praticou tráfico de influência quando aprovou alguns requerimentos que levou empresas a doar, de forma ilegal, para campanhas. E ela praticou o mesmo ato”, afirmou o parlamentar.

O deputado federal Pauderney Avelino (DEM) disse que se há suspeitas, o caso precisa ser investigado.

Para o deputado estadual José Ricardo (PT), a legislação deve ser repensada para coibir práticas em que agentes públicos tenham parentes com contratos com órgãos governamentais. “Eu acho que deve ter um certo distanciamento entre os interesses empresariais com alguém que está na política. Temos muitos casos de políticos com parentes donos de empresas que prestam serviços para o Estado ou municípios. É uma relação a ser discutida”, disse.

O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) disse que apenas os órgãos de controle como Tribunal de Contas da União (TCU) e a Controladoria Geral da União (CGU) podem avaliar os contratos firmados entre a Pool Engenharia e o governo federal.

“Para mim, o cerne da questão não é a senadora ter um cunhado dono de uma empresa que presta serviços ao governo, mas saber se os preços foram corretos, se o serviço foi feito. Quem tem estrutura para dizer isto, são os órgãos de fiscalização, o TCU e a CGU”, afirmou.

Segundo o presidente estadual do PSDB, Mário Barros, o caso mostra, ‘no mínimo’, suspeita de tráfico de influência. De acordo com ele, se comprovado que um parlamentar usou de tráfico de influência, ele deve ser investigado. “Um requerimento pedindo pagamento para empresas não é praxe do legislador. Se isto não é ilegal, fere a moralidade pública. Principalmente, se esta empresa é ligada a alguém próxima da gente”, afirmou.

Vanessa disse que não tem participação ou ingerência sobre a empresa do cunhado nem sobre a Eletrobras e o Ministério de Minas e Energia. “As atividades profissionais do senhor Efraim Bezerra dizem respeito somente a ele”, afirmou. Ela disse que apresentou o requerimento pois “os principais prejudicados eram os moradores de nosso Estado, visto a possível paralisação das obras”.

O ex-deputado Eron Bezerra disse que não há problema em o irmão dele manter contratos com o governo federal. “Até onde eu sei, isso não é proibido pela legislação”. Ele disse, ainda, que o requerimento apresentado pela senadora não tem nada escuso, “é público”, afirmou.

A Amazonas Distribuição informou que todos os contratos firmados seguem, rigorosamente os ritos da Lei 8.666/93, com publicação no Diário Oficial da União, não havendo qualquer tipo de interferência de terceiros.

A reportagem tentou ouvir o empresário Efraim Bezerra, mas não obteve êxito. Uma secretária da Pool Engenharia informou que ele estava viajando ao interior do Estado e que só retornará a Manaus nesta terça-feira (28).

Além da Pool, Efraim Braga Bezerra é sócio em outras três empresas

Além da Pool Engenharia, o empresário Efraim Braga Bezerra é sócio em outras três empresas, segundo consulta no site consultasocio.com: MB Construções, Solar Energy da Amazonia e AT Transformadores.

Segundo o site, a MB Construções é sediada no mesmo endereço da Pool Engenharia e foi criada, em julho de 2006, com capital social de R$ 300 mil. A MB é especializada em  aluguel de máquinas e equipamentos comerciais e industriais.
As empresas Solar e AT funcionam no mesmo prédio, na Avenida Theomário Pinto, zona centro-sul de Manaus, mas em salas diferentes.

A Solar atua no ramo de fabricação de fornos industriais, aparelhos e equipamentos não elétricos para instalações térmicas, peças e acessórios e a AT trabalha com manutenção e reparação de geradores, transformadores e motores elétrico, informa o site Consulta Sócio.

Vanessa denunciou privatização do setor elétrico da região

Na última quinta-feira, Vanessa subiu à tribuna do Senado para denunciar a privatização do setor elétrico das distribuidoras da Região Norte, como a Amazonas Energia.

“A medida provisória mostra, mais uma vez, o descompromisso deste governo com as regiões mais pobres do País. Pode promover na Amazônia um cenário extremamente perigoso: empresas estrangeiras controlando e tendo acesso a 104 localidades da Amazônia”, declarou.

Em rede social, internautas reprovam conduta de senadora

Condenações de Eron Bezerra somam mais de R$ 3 milhões em multas

No início de junho, o  ex-secretário de Estado da Produção Rural Eron Bezerra foi condenado, junto com o ex-presidente do Instituto Dignidade para Todos (IDPT), Lacerda Carlos Júnior, e o próprio instituto, a devolverem  R$ 1,1 milhão aos cofres públicos por mau uso de recursos, em um termo de parceria assinado em 2008.  A decisão foi publicada no Diário Oficial do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).

Na sentença, o juiz Leoney Figliuolo Harraquian determina, ainda, a suspensão dos direitos políticos dos condenados em oito anos, além da proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de 10 anos.

No final de maio, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) julgou irregular a prestação de contas de Eron e da ex-secretária-executiva do órgão Tanara Lauschner, referente ao exercício de 2012. Eron foi condenado a devolver, entre multas e glosa, R$ 2,6 milhões.

Matéria do D24 http://new.d24am.com/noticias/politica/liderancas-politicas-defendem-orgaos-controle-apurem-contratos-pool-engenharia/154222


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