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Policiais do ‘Caso Grande Vitória’, suspeitos de matar e sumir com jovens envolvidos no tráfico, podem ser inocentes

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No dia 29 de outubro de 2016, por volta de 3h da madrugada, os 3 (três) jovens foram abordados por viaturas da polícia militar, levados até a 4ª Companhia Interativa Comunitária, e até apresente data, encontram-se desaparecidos, conforme declarações das famílias dos jovens desaparecidos.

Até o dia de hoje, passados mais de 9 (nove) meses, os policiais militares acusados pelo desaparecimento do trio, encontram-se presos aguardando o desfecho na esfera judicial.

Nesta matéria, iremos expor um pouco sobre a vida dos 3 (três) jovens, baseado nos relatos do processo em trâmite na 3ª Vara do Tribunal do Júri, bem como relatos obtidos por esta equipe jornalística.


Alex Júlio Roque de Melo (à esquerda na foto) O desaparecido Alex Júlio Roque de Melo, 26 anos, filho de Arlete Ferreira Martins de Melo e Júlio Cézar Roque de Lima, é o cabeça de
uma organização criminosa voltada para a prática de crimes de tráfico de drogas, homicídios, roubos, adulteração de sinal identificador veicular, dentre outros crimes, conforme informações obtidas no processo nº 0246607-43.2016.8.04.0001, em trâmite na 3º Vara do Tribunal do Júri de Manaus – AM:

No mesmo processo, há informações de que o Aspirante Luiz Ramos, um dos policiais acusados pelo suposto homicídios dos jovens desaparecidos, combatia ferrenhamente o tráfico local, desagradando o cabeça dessa organização criminosa e o movimento em geral:

Por conta da atuação do policial militar contra os traficantes da área que estava sobre o comando do cabeça dessa organização, foi dada autorização para matar o referido policial militar:

No dia 09 de janeiro de 2014, o Ministério Público do Estado do Amazonas, ofereceu denúncia contra o desaparecido Alex Júlio Roque de Melo, pelo crime de roubo majorado, fato este ocorrido no dia 07 de janeiro de 2014, por volta de 20h, conforme o processo de nº 0200563-34.2014.8.04.0001, em trâmite na 7ª Vara Criminal de Manaus – AM:
Em 10 de junho de 2016, o Ministério Público do Estado do Amazonas, ofereceu denúncia contra o desaparecido Alex Júlio Roque de Melo, pelo crime de homicídio qualificado, onde vitimou William da Cruz Tavares, no dia 18 de janeiro de 2016, por volta de 03h30min, conforme consta nos autos do processo de nº 0207301-67.2016.8.04.0001, em trâmite na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus – AM:


No dia do homicídio, o policial militar Luiz Ramos estava de serviço na 4ª Companhia Interativa Comunitária, sendo um dos policiais militares atualmente preso, acusado pelo suposto homicídio do 3 (três) jovens desaparecidos.

O policial militar Luiz Ramos foi arrolado como testemunha de acusação pelo Ministério Público do Estado do Amazonas, pois o mesmo efetuou a detenção do acusado Alex Júlio Roque de Melo, no dia 18 de janeiro de 2016 e das 4 (quatro) testemunhas de acusação arroladas pelo Ministério Público do Estado do Amazonas, o policial militar Luiz Ramos, é o único que pode fazer com que o acusado Alex Júlio Roque de Melo ser condenado, pois a vítima William da Cruz Tavares procurou o referido policial antes de ser morto pelo acusado, contando-lhe sobre as ameaças de morte feita por Alex Júlio Roque de Melo:


Leia na íntegra o termo de declaração do policial militar Luiz Ramos, após deter o nacional Alex Júlio Roque de Melo:

No dia 27 de julho de 2016, por volta de 03h30min, a casa da líder comunitária Rosenira Soares de Souza, 47 anos, foi invadida por homens armados. De acordo com a família, a líder comunitária estava dormindo em casa com o marido e os dois netos, um de 11 anos e o outro de 12 anos, e foi assassinada na frente do marido e dos netos.

De acordo com testemunhas, ao todo foram 7 (sete) homens que invadiram a casa da líder comunitária e após investigações feitas pela DEHS, foi comprovado que o desaparecido Alex Júlio Roque de Melo foi um dos autores da morte da líder comunitária, e teve como participantes os irmãos da desaparecida Rita de Cássia Castro da Silva.

O processo deste crime, encontra-se em sigilo na 1ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus – AM, processo de nº 0236618-13.2016.8.04.0001.

Conforme as investigações, a líder comunitária foi morta por ter denunciado a venda de drogas na comunidade onde morava à polícia
civil. No dia 08 de novembro de 2016, 5 (cinco) pessoas foram presas, acusados no envolvimento da morte da líder comunitária.

Das 5 (cinco) pessoas presas, estão os 2 (dois) irmãos da desaparecida Rita de Cássia Castro da Silva.

Foram presos Wilson Castro da Silva, 22 anos, Frank Relle Castro da Silva, 21 anos, Ronaldo Maricaua Flores, 33 anos, Márcia da Cruz
Castelo, 42 anos e Alex Sandro Washington dos Santos, 21 anos.

 

Rita de Cássia Castro da Silva

A desaparecida Rita de Cássia Castro da Silva, 20 anos, filha de Lindalva de Souza Castro e Francisco Farias da Silva, era companheira do cabeça da organização criminosa, do Alex Júlio Roque Martins e morava com os irmãos Wilson Castro e Frank Relle, na residência localizada na Rua Onze de Agosto, casa 223, Invasão Nova Vitória.

De acordo com o depoimento da Sra. Lindalva de Souza Castro, teve que viajar no mês de abril de 2016 à Fortaleza/CE, ficando na casa a desaparecida Rita de Cássia Castro da Silva, juntamente com seus irmãos Wilson Castro e Frank Relle:

O pai da desaparecida Rita de Cássia, contou mais detalhes sobre a desaparecida e seus irmão Wilson Castro e Frank Relle no dia em que foi ouvido na DEHS. O pai da desaparecida Rita de Cássia disse que Alex (o cabeça da organização criminosa) mantinha relacionamento com Rita e que ela morava com os dois irmãos (Wilson Castro e Frank Relle):

Disse ainda no seu termo de declaração, que Alex atua no tráfico de drogas e que sua própria filha Rita de Cássia sabia de tudo e lhe havia dito que Alex tinha muito dinheiro e que tudo que Alex queria, ele conseguia:

Observem que a desaparecida, realente sabia em que seu companheiro tinha envolvimento com o tráfico de drogas, bem como sabia que seus irmãos (Wilson Castro e Frank Relle) trabalhavam para Alex.

O pai da desaparecida Rita de Cássia disse que quando seus filhos foram presos, eles trabalhavam para o Alex, fazendo parte de uma facção, sendo que seu filho Wilson comandava uma área do tráfico e o Frank comandava outra, ambos trabalhavam para o Alex:

A mãe do desaparecido Alex Júlio Roque de Melo, em seu depoimento, disse que seu a desaparecida Rita de Cássia era namorada de Alex e que morava na casa de Rita de Cássia com seus irmãos Wilson e Frank, os quais haviam sido presos acusados de estupro:

Como foi visto, a desaparecida juntamente com seus irmãos, ficaram mando só desde abril de 2016, quando sua genitora vou para Fortaleza/CE e neste período, conforme o depoimento de Arlete Martins Roque, seu filho Alex Júlio Roque de Melo, morava com a Rita de Cássia, juntamente com os seus irmãos.

A líder comunitária foi assassinada no dia 27 de julho de 2016 por 7 (sete) elementos que invadiram sua residência e a mataram na frente de seu esposo e seus dois netos menores.

Em 17 de janeiro de 2017, o Ministério Público do Estado do Amazonas, ofereceu denúncia contra os irmãos da desaparecida Rita de Cássia. O Promotor de Justiça ofereceu denúncia contra os nacionais Frank Relle Castro da Silva e Wilson Castro da Silva pela pratica do crime de tráfico de drogas e petrechos para o tráfico de drogas, bem como o delito de corrupção de menores, em trâmite na 2ª V.E.C.U.T.E. sob o processo de nº 0233352-18.2016.8.04.0001.

O fato que ensejou está denuncia ocorreu no dia 08 de agosto de 2016, por volta de 9h, quando uma equipe de policiais civil, após denúncia anônima, adentrou na residência localizada na Rua Onze de Agosto, casa 223, invasão Nova Vitória.

Na residência estavam os dois irmãos da desaparecida Rita de Cássia e mais uma menor de idade, lá foram encontrados 341 (trezentos e quarenta e uma) trouxinhas de substância entorpecente,
aparentemente “cocaína”, 241 (duzentas e quarenta e uma) trouxinhas  de entorpecente, aparentemente “oxi” e 3 (três) porções médias de entorpecentes, aparentemente, pasta base de “cocaína”, além de materiais para embalagem, configurando assim, um laboratório de entorpecentes, conforme consta na Denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas:

Seria impossível que a desaparecida Rita de Cássia Castro da Silva não saber que sua residência era um laboratório de drogas, bem como impossível não saber que seu companheiro e seus dois irmãos participaram da execução da líder comunitária.

Weverton Marinho Gonçalves (à direita na foto)

O desaparecido Weverton Marinho Gonçalves, 22 anos, filho de Iracilene Batista Marinho, é o proprietário da moto que foi abordado pela polícia militar naquela madrugada do dia 29 de outubro de 2016.

Conforme o Boletim de Ocorrência nº 16.E.0143.0007317, a placa da motocicleta Yamaha/XTZ 250 Lander de cor vermelha, que foi abordada pelos policiais militares, é OAE-2789:

Em consulta no aplicativo “Sinesp Cidadão” foi constatado que até a data da publicação dessa matéria, o veículo não possui restrição, nem de roubo e nem de furto.

Nossa equipe não encontrou nenhum registro policial ou judicial contra o desaparecido Weverton Marinho Gonçalves. Nossa equipe só soube por meio dos depoimentos constantes, que Weverton carregava Alex para os lugares e que Alex o ajudava financeiramente pelas corridas:

Em uma parte do depoimento da namorada de Weverton, ela afirma que pessoas o aconselharam a pegar dinheiro emprestado do Alex, entretanto, o próprio Weverton disse que não se deve dever a tal tipo de pessoa e que se envolver com tal tipo de pessoa, só se vai à cadeia ou sai morto, demonstrando saber no que o Alex era capaz de fazer:

No depoimento da Anne Gabrielle de Oliveira Pinheiro, que se dizia ser namorada do cabeça da organização criminosa Alex Júlio Roque de Melo, disse que o desaparecido Weverton Marinho era amigo do Alex Júlio:

Até o fechamento dessa matéria, os jovens ainda continuam desaparecidos e os policiais militares presos sem ter nos autos prova concreta de que esses jovens estejam mortos.


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