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WhatsApp: ‘Conteúdo ninguém vai ter porque nós não temos’

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SÃO PAULO – “Não estou aqui para discutir teses, entendo seu ponto, mas conteúdo ninguém vai ter porque nós não temos.” Esta frase tem sido repetida como um mantra a procuradores, promotores e delegados de polícia pelo diretor jurídico do WhatsApp, Mark Kahn, que desembarcou no país na quarta-feira, depois de os serviços de mensagem de texto da empresa terem sido suspensos por decisão judicial pela segunda vez em menos de cinco meses.

À frente de um time de executivos do WhatsApp, Kahn está cumprindo uma intensa agenda de reuniões com o objetivo de estreitar o diálogo com autoridades e tentar evitar que novos bloqueios aos seus serviços de mensagem de texto.

Na quarta-feira, a comitiva esteve em São Paulo, onde reuniu-se com promotores e procuradores dos Ministérios Públicos Federal e Estadual.

Uma pessoa que participou de uma das reuniões, em que estavam presentes cerca de 10 promotores do MP, contou que Kahn enfrentou ao menos uma pergunta “raivosa”. Um promotor, em tom elevado, dizia que em sua avaliação, ao negar o fornecimento do conteúdo de diálogos à Justiça, o WhatsApp protegia os usuários, mas colocava em risco a segurança nacional. Como resposta, além de lembrar que a empresa não dispõe dos conteúdos das mensagens de sues usuários, Kahn falou sobre o uso da criptografia como dispositivo de segurança.

Não reter diálogos e usar a criptografia, explicou aos interlocutores, são uma maneira de assegurar a segurança dos usuários, impedido que eles tenham acessados, por exemplo, dados bancários que em algum momento tenham sido digitados.

Os executivos continuam em São Paulo nesta quinta-feira, quando se reunirão com delegados da Polícia Civil e novamente com integrantes do Ministério Público Federal. Na sexta, viajam ao Rio de Janeiro para nova rodada de encontros, desta vez com delegados da Polícia Civil e também da Polícia Federal.

O bloqueio do uso de aplicativos, dizem membros da comitiva do WhatasApp, é mais recorrente em países autoritários, como a Turquia e o Irã. Tendo no Brasil um dos seus mercados mais relevantes, com 100 milhões de usuários ativos, o WhatsApp quer ampliar o diálogo e “personificar”, dar cara à empresa no Brasil, segundo fontes que acompanham a empreitada de Kahn e equipe.

No entendimento do WhatsApp, enviar ao Brasil um alto executivo como Kahn e se colocar à disposição para perguntas dá “transparência” e reduz a possibilidade de haver novas decisões judiciais suspendendo o serviço.


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