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Após decisão britânica, Bolsa cai 3%; Europa fecha com perdas de 12%

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RIO e SÃO PAULO – Com a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia — uma surpresa para investidores do mundo inteiro, que poucas horas antes do resultado operavam otimistas —, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acompanha a decepção do mercados no restante do mundo e cai 2,99%, aos 50.033 pontos. Na mínima do pregão, chegou a afundar 3,9%. A queda é bem menor, no entanto, do que a registrada nas Bolsas europeias, que chegaram a fechar com perdas de mais de 12%.

— O movimento de perda mais forte acontece na Bolsas europeias, que estão no epicentro do problema. A Bolsa brasileira segue em linha com as americanas. Mas os efeitos indiretos do Brexit também serão sentidos no Brasil, como menor liquidez, maior aversão ao risco e redução do fluxo de investimentos – diz o economista Hersz Ferman, economista da Elite Corretora.

Nos Estados Unidos, os principais índices apresentam queda desde o início do pregão. O S&P 500 recua 2,90%; o Dow Jones tem perda de 2,73% e o Nasdaq se desvaloriza 3,60%.

No mercado de câmbio, o dólar comercial chegou a saltar 3,14% contra o real nesta sexta-feira, a R$ 3,450, mas acabou perdendo força no decorrer da sessão e agora sobe 1,16%, a R$ 3,38. A libra, que atingiu menor valor em 31 anos contra o dólar, despenca 6,73% em relação ao real, valendo R$ 4,63 no mercado à vista. Ontem, a divisa havia fechado a R$ 4,96. O euro se desvaloriza 1,38% frente ao real e esta sendo negociado a R$ 3,75 na venda.

— Não temos um fluxo comercial muito forte com o Reino Unido, e a UE, que é logicamente relevante pra gente, sofre um impacto mais indireto do Brexit. Se a gente olhar o que está acontecendo com outras moedas emergentes, fica claro que no meio do caminho entre os movimentos de divisas europeias e asiáticos, tem algumas latino-americanas pelo meio do caminho. É claramente um impacto mais concentrado em países mais diretamente ligados ao mercado europeu — explicou Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos. — De qualquer forma, continuamos sendo um mercado emergente bastante exposto à volatilidade e o Brexit foi uma surpresa ruim que complica ainda mais o cenário externo pra gente.

Um fator que pode estar influenciado na alta mais branda do dólar contra o real é a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) postergue a alta de juros do país antecipando desaceleração econômica com o Brexit.

— Não devemos olhar isso pelo lado positivo, porém, porque isso significa que o mundo vai crescer menos. A própria alta do dólar em virtude do Brexit continuará prejudicando a indústria americana, por exemplo — acrescentou Rey.

BOLSAS DA EUROPA TÊM PERDAS DE ATÉ 12%

O mercado acionário global abriu e fechou em forte queda após o Reino Unido optar por deixar a União Europeia no referendo realizado na quinta-feira, puxada principalmente pelas ações bancárias e queda no preço das commodities. Na Europa, o índice de referência Euro Stoxx 50 recuou 8,62%, enquanto a Bolsa de Londres teve baixa de 3,15%. Em Paris, a desvalorização do principal índice foi de 8,04%, enquanto a Bolsa de Frankfurt caiu 6,82%. As maiores quedas foram registradas em Milão, onde Bolsa recuou 12,48%, e em Madri, com perda de 12,35%, a maior de sua história. As baixas foram potencializadas, segundo analistas, pelo fato de que as ações nas Bolsas europeias haviam subido nas cinco sessões anteriores em meio às expectativas de que o Reino Unido permaneceria na UE.

Nos Estados Unidos, os principais índices apresentam queda desde o início do pregão. O S&P 500 recua 2,90%; o Dow Jones tem perda de 2,73% e o Nasdaq se desvaloriza 3,60%.

O ouro, considerado um refúgio em momentos de aversão a risco, atingiu o maior patamar em dois anos. Os lingotes chegaram a subir 8,1%, maior salto desde o auge da crise financeira global em 2008, antes de reduzirem parte do ganho. Agora, se valorizam 4%. O volume de negociação de futuros foi seis vezes maior que a média para esse período do dia.

PETROBRAS E VALE CAEM MAIS DE 6%

Entre as ações brasileiras, as ações de Petrobras e Vale registram a perda mais importante. A Petrobras ON despenca 4,97% (R$ 11,45), enquanto a PN tem baixa de 4,44% (R$ 9,24). No caso da mineradora, a ação ON registra desvalorização de 6,99% (R$ 15,43), e a PNA recua 7,31% (R$ 12,43), com a baixa do preço das commodities no mercado internacional.

No setor bancário, o de maior peso no Ibovespa, o Banco do Brasil ON cai 2,52% (R$ 15,81), e o Bradesco PN tem perda de 2,55% (R$ 24,82). O Itaú Unibanco registra desvalorização de 3,56% (R$ 28,94).

— O comportamento do mercado brasileira está razoavelmente controlado. Colocando os fatos em perspectiva, a União Europeia não é o primeiro nem o segundo principal parceiro econômico do Brasil. A alta do dólar, inclusive, é favorável para as exportações das empresas brasileiras. Ainda assim assusta. é um evento que assusta muito e tem impactos. No caso da Vale, por exemplo, embora a China consuma metade de sua produção, a mineradora despenca com a desvalorização das commodities que ocorre quando o dólar avança — afirmou Paulo Gomes, economista-chefe da gestora Azimut.

O Banco Central divulgou nesta sexta-feira uma nota em repercussão à decisão britânica. Segundo o texto, o BC está “monitorando continuamente” os mercados global e doméstico e “ caso necessário, adotará as medidas adequadas para manter o funcionamento normal dos mercados financeiro e cambial”.

Na quinta-feira, quando os britânicos ainda estavam indo às urnas, o mercado financeiro brasileiro se comportou com otimismo. A moeda americana fechou em queda de 0,94%, cotada a R$ 3,345, enquanto a Bovespa avançou 2,8%, aos 51.559 pontos.


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