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Papa Francisco recebe presidente das Mães da Praça de Maio

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ROMA — A ativista argentina Hebe de Bonafini, presidente e uma das fundadoras da organização Mães da Praça de Maio, foi recebida em uma audiência privada com o Papa Francisco, no Vaticano. Na conversa que durou duas horas, Hebe fez duras críticas ao atual governo argentino, do presidente Mauricio Macri. A ativista denunciou a situação de “violência institucional” que o país vive e pediu apoio, principalmente para a parcela mais pobre da população, mais afetada pelas medidas adotadas por Macri.

— Estamos muito angustiados, eles querem forçar o povo ao que aconteceu em 2001, quando saímos às ruas para invadir supermercados. Não vim contar fantasias ao Papa, vim contar o que está acontecendo. Nós fomos um povo muito feliz durante 12 anos, e em cinco meses eles destruíram tudo — contou Hebe sobre o encontro, em referência à eleição de Macri sucedendo Cristina Kirchner, informa o “La Nación”. — Nenhum dos planos de Cristina foi continuado, tudo foi cortado. Não há mais planos de ajuda para mulheres grávidas e seus filhos. Fecharam os restaurantes para pobres.

O encontro aconteceu na última sexta-feira, na Casa de Santa Marta, residência oficial do Papa. Aos 87 anos e com a dor que carrega pelo desaparecimento de dois filhos e uma nora durante a ditadura militar, Hebe disparou contra o governo Macri, que “mente”, aumentou as tarifas, provocou o fechamento de postos de trabalho e que, por meio de uma “Justiça corrupta quer levar Cristina à prisão”. Em entrevista após a reunião com Francisco, a ativista deixou claro que não foi ao Vaticano para falar sobre os desaparecidos políticos da ditadura argentina, mas sobre o sofrimento atual da população.

— Os trabalhadores de hoje são os desaparecidos — disse.

Além das críticas ao governo argentino, a ativista apresentou um pedido de desculpas formal ao Papa. Quando Jorge Begoglio foi escolhido para comandar a Igreja Católica, as Mães da Praça de Maio fizeram duras críticas ao religioso, dizendo que ele havia apoiado a ditadura.

— Bergoglio cresceu quando se transformou em Francisco. Eu lhe disse que me desculpava porque havia me equivocado — disse Hebe, contando ter sido recebida com “carinho” e se disse “comovida” com o encontro.

O Papa não se manifestou após o encontro, mas, sabendo da polêmica por causa das críticas do passado, fez comentários por meio de uma mensagem enviada a um amigo argentino, obtida pela agência Telam.

“Parece que a pedra do escândalo é que eu receba a senhora Bonafini. Sei bem quem ela é, mas minha obrigação de pastor é compreendê-la com humildade”, escreveu Francisco. “Esta senhora, da praça (de Maio), me insultou várias vezes com artilharia pesada, mas a uma mulher a quem lhe sequestraram os filhos, que não sabe como e por quanto tempo eles foram torturados, quando foram mortos e onde foram enterrados, não posso fechar a porta. O que vejo ali é a dor de uma mãe. Se me usa ou não, não é meu problema. Meu problema seria não tratá-la com o cuidado de um pastor.


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