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Nos EUA, problema republicano está no mapa

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WASHIGTON — Os republicanos têm um grande problema no mapa eleitoral. A vitória de Donald Trump na prévia de Indiana não só selou sua candidatura pelo partido como mostrou como será difícil para qualquer republicano conseguir os 270 votos para bater Hillary Clinton (as vitórias nos estados se convertem em votos numa espécie de colégio eleitoral). Para começar: 18 estados mais o Distrito de Colúmbia votaram em candidatos democratas em todas as eleições entre 1992 e 2012. Somando-os chega-se a 242 votos. Em contraste, 13 estados votaram nos republicanos nas seis eleições passadas, num total de 102 votos.

Há duas importantes lições aí: um candidato democrata já sai com 140 votos na frente, e só precisaria de mais 28 para chegar à Presidência. Em termos práticos, significa que se Hillary ganhar nesses 19 lugares mais a Flórida (que tem 29 votos), conquista a Casa Branca. Simples assim. Ou se ganhar os 19 mais Virgínia (13) e Ohio (18); ou 19 mais Nevada (6), Colorado (9) e Carolina do Norte (15). Há várias formas para que ela assegure os 270 votos. E há poucas para que Trump — ou qualquer outro republicano — chegue lá.

É fácil — e útil para muitos — colocar a culpa no bilionário, um candidato que tem números desfavoráveis entre grupos chave. Mas fazer isso é ignorar a História recente. Barack Obama conquistou 365 votos em 2008 e 332 em 2012. Um candidato republicano não chega a 300 desde 1988, quando George H.W. Bush teve 426. (Bush filho obteve 271 em 2000 e conseguiu um segundo mandato com 286.)

A atual desvantagem republicana no mapa eleitoral é menos sobre o candidato e mais sobre demografia. Como o país, e o público, tem se tornado menos branco, e os republicanos têm se mostrado incapazes de conquistar esses eleitores, um determinado número de estados foi na direção dos democratas na última década.

Talvez o melhor exemplo seja o Novo México, cuja população hoje é quase metade de origem hispânica — cenário diferente de 2004, quando Bush filho venceu.

É cada vez mais claro que qualquer estado com uma grande população não-branca se tornou mais difícil para os republicanos. Virgínia e Carolina do Norte, antigos bastiões do partido, se aproximam cada vez mais dos democratas. Ao mesmo tempo, pouco estados se tornam mais simpáticos aos republicanos. Wisconsin e Minnesota são dois deles, mas não caminham muito rápido.

Não se pode culpar Trump por isso. Mas seu alto índice de rejeição entre latinos e sua posição dura sobre imigração podem piorar o que já é um grande problema. Vitórias em Wisconsin, Michigan ou Pensilvânia podem abrir o mapa para os republicanos. Mas há poucos indícios de que Trump possa fazê-lo. Trump não ajuda. Mas o problema vai além dele. Culpá-lo por uma derrota em novembro não apenas desvia o foco como pode levar o partido a repetir o erro em 2020.


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