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Maduro convoca resistência histórica contra intervenção da OEA

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CARACAS — Enquanto líderes políticos discutiam durante a quarta-feira a crise venezuelana na Organização dos Estados Americanos (OEA), o presidente Nicolás Maduro convocou uma campanha permanente contra o que chamou de intervenção imperialista no seu país. Em três pronunciamentos televisionados dentro de 24 horas, o mandatário venezuelano vez fortes críticas ao secretário-geral da OEA, Luís Almagro, por ter invocado a Carta Democrática Interamericana.

— Se o imperialismo americano, através do secretário-geral da OEA, conseguiu intervir na Venezuela, nos caberia iniciar uma resistência histórica que nos levaria a uma batalha até a vitória final do nosso povo — afirmou Maduro.

Em um discurso nada diplomático, o presidente convocou um protesto contra a iniciativa da organização para lidar com a crise que atinge o país. Na terça-feira, Almagro pediu uma sessão urgente do Conselho Permanente da OEA para discutir a situação política e institucional da Venezuela ao invocar a Carta Democrática, um mecanismo que se ativa em caso de alteração da ordem constitucional.

Ao referir-se ao governo dos EUA e a Almagro, Maduro disse que estava honrado pelos ataques do império decadente e dos seus fantoches.

— Nossa revolução será absolvida pela História. Mas você, Almagro, será condenado ao lamaçal mais profundo do inferno dos traidores às causas da América Latina. A Venezuela te marcará por toda a vida por incentivar a intervenção da nossa amada pátria — disse o presidente.

Almagro justificou sua decisão com a crise econômica, social, política e institucional que sofre a Venezuela. O país vive uma severa escassez de alimentos e remédios, altos níveis de insegurança e a inflação mais alta do mundo — que pode chegar a 700% em 2016, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Maduro também acusou o Parlamento venezuelano, cuja maioria dos assentos é ocupada pela oposição, de usurpação de funções e traição à pátria. Os opositores ao seu governo trabalharam para que a OEA tratasse da crise venezuelana.

O presidente afirmou que quer um julgamento histórico contra a iniciativa dos parlamentares, presidida por Henry Ramos Allup. O líder opositor pediu direito de palavra no Conselho Permanente da OEA.

— Estou muito assustado — respondeu em tom irônico Allup, que é presidente da Assembleia Nacional, após a declaração de Maduro.

A oposição venezuelana trabalha em uma intensa campanha pela saída de Maduro do Palácio de Miraflores. Para isso, conta com diferentes estratégias, que incluem a convocação de marchas populares e de um referendo revogatório. A grave crise vem aumentando a pressão no país, que vive uma guerra política entre suas instituições.


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