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Investigada, primeira-dama peruana é impedida de deixar o país

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LIMA — A primeira-dama do Peru foi impedida nesta sexta-feira de deixar o país por quatro meses. Mulher de Ollanta Humala, Nadine Heredia é investigada por lavagem de dinheiro. Ela supostamente não declarou recursos recebidos de empresas brasileiras e da Venezuela, que foram usados na campanha do seu marido.

A acusação afirma que Nadine Heredia simulou contratos com algumas empresas para justificar recursos. Para o promotor Germán Juárez, a primeira-dama teria liderado uma organização criminosa que lavou o dinheiro que entrou no Partido Nacionalista entre 2006 e 2011, quando Humala foi eleito presidente.

O Ministério Público tenta determinar a origem dos fundos que financiaram as campanhas. A tese da promotoria é que o partido realizou aportes falsos de cinco milhões de soles (US$ 1,5 milhão).

Os fundos para financiar as campanhas procederam do então presidente da Venezuela Hugo Chávez e das empreiteiras brasileiras Odebrecht e OAS, segundo o promotor, que cita um colaborador eficaz, que faz confissões em troca de benefícios judiciais.

Juárez afirmou que tem em seu poder uma carta do falecido Chavez para Heredia, na qual cita o envio de dois milhões de dólares.

O advogado de defesa da primeira-dama, Eduardo Roy, rebateu o promotor e afirmou que tudo está baseado em “especulações”. Humala sempre negou ter recebido financiamento do governo venezuelano, mas admitiu o recebimento de doações legais do exterior.

A decisão judicial também afeta o irmão da primeira-dama, Ilan Heredia, e sua amiga Rocío Calderón. Os advogados dos três investigados anunciaram que pretendem apelar contra a medida.

‘DESVIO DA VERDADE’

A mulher do presidente terá que comparecer mensalmente a um tribunal e informar qualquer mudança de domicílio. Nadine Heredia terá que pagar uma garantia de 50 mil soles (quase US$ 15 mil) pela natureza extremamente grave do delito investigado, afirmou o juiz Richard Concepción, responsável pelo caso.

A defesa da primeira-dama alega que o caso foi construído com base no depoimento de um colaborador eficaz e, por isso, suas afirmações não estão provadas.

Parte das investigações do promotor também se basearam em agendas da primeira-dama. As anotações incluem registros de transferências de dinheiro, de reuniões com empresários e de possíveis financistas.

Inicialmente, Heredia negou ser proprietária dos documentos. No entanto, depois afirmou que os registros haviam sido roubados e reconheceu sua letra nas anotações. Para o juiz, isto configura uma conduta de desvio da verdade.

O caso chegou aos tribunais a apenas seis semanas do fim do mandato de cinco anos de Humala. Esta é a primeira vez que a esposa de um presidente em exercício é envolvida em um caso judicial no Peru.


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