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Com Rússia ausente, terrorismo e Coreia do Norte dominam cúpula nuclear

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WASHINGTON – O primeiro dia da quarta Cúpula de Segurança Nuclear, em Washington, foi marcado por dois pontos considerados cruciais para evitar novas ameaças atômicas no mundo: a Coreia do Norte e o terrorismo. O objetivo principal do debate — esvaziado sem a participação da Rússia, que pela primeira vez não atendeu ao convite americano — era mostrar unidade e força contra o regime de Pyongyang e defender a aplicação das severas sanções adotadas pela ONU depois do aumento de testes militares do país.

O presidente Barack Obama começou o dia com uma reunião conjunta com Park Geun-Hye, mandatária da Coreia do Sul, e Shinzo Abe, primeiro-ministro japonês. O tema foram os testes feitos pela Coreia do Norte, que não esconde o desejo de desenvolver capacidade de lançamento intercontinental de suas armas nucleares.

— Estamos unidos em nossos esforços para dissuadir e defender (nossos aliados) contra as provocações norte-coreanas. Reconhecemos que nossa segurança está ligada, temos de trabalhar em conjunto para enfrentar este desafio — afirmou Obama, defendendo que a Península Coreana seja uma área sem ogivas nucleares.

A presidente sul-coreana defendeu embargos ainda mais fortes contra o governo de Kim Jong-un, para que “o país veja que sua própria sobrevivência está ameaçada”, a não ser que abandone seu programa bélico. Ela pregou que a comunidade internacional não tolere de modo algum as ameaças da Coreia do Norte.

— A questão nuclear norte-coreana é um desafio partilhado entre os três países, um desafio urgente — disse a presidente.

Já Shinzo Abe defendeu o aprofundamento das cooperações entre os países:

— O progresso da capacidade nuclear e de mísseis da Coreia do Norte é uma ameaça direta e grave, não só para os três países, mas para a comunidade global.

Obama também teve uma reunião bilateral com Xi Jinping, presidente da China, onde a questão foi novamente tratada. Os dois se comprometeram a aplicar as sanções da ONU e não dar espaço ao governo norte-coreano. Pequim é um dos principais aliados de Pyongyang.

Ausência russa mostra distanciamento

Os líderes também debateram a necessidade de se evitar que material nuclear caia em mãos de terroristas, sobretudo do Estado Islâmico, o segundo grande tema da cúpula. O governo americano tem lembrado que já reduziu em 50% o número de instalações internacionais com material radioativo, mas afirmou que mais precisa ser feito. Um acordo de dez itens entre as duas maiores economias do mundo celebrou que usinas nucleares energéticas da China vão trabalhar, agora, com um tipo de urânio menos enriquecido, mais seguro.

— Estamos profundamente preocupados com a segurança nuclear, nos certificando de que os materiais nucleares não caiam nas mãos de terroristas. Mas, na sequência do ataque de Bruxelas, com as nossas memórias da tragédia em Paris, temos não só grande urgência em torno da questão nuclear, mas também em buscar a eliminação do flagelo do terrorismo — disse Obama, ao lado do presidente francês, François Hollande.

Os Estados Unidos também anunciaram que fecharam um acordo nuclear com o Cazaquistão. Mas a grande ausência foi da Rússia. De acordo com um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, os russos preferem debater a questão nuclear em “outros fóruns”, mas isso não significa um afastamento. Diplomatas, entretanto, veem a ausência russa como mais um sinal de distanciamento dos dois países que mais possuem armas nucleares.

Na noite de ontem, Obama recebeu todos os chefes de delegação da cúpula num jantar na Casa Branca. O Brasil estava representando pelo chanceler Mauro Vieira, já que a presidente Dilma Rousseff cancelou a participação no encontro após o PMDB romper com o governo. O Brasil assinou uma declaração, em conjunto com outros 15 países — entre eles Argentina, África do Sul e México — em que defende uma abordagem “mais abrangente” da segurança nuclear. Eles criticam que a proposta da cúpula, idealizada por Obama em 2009, visa a controlar o material atômico utilizado para fins pacíficos — que, segundo a Casa Branca, poderia ser capaz de criar até 150 bombas — em vez de focar no fim das armas nucleares.

“Enquanto essas armas e materiais existirem, existirão riscos, inclusive a possibilidade de que caiam em mãos de terroristas, permitindo, assim, ataques que produziriam mortes em massa”, afirma o documento.


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