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China diz que presidente de Taiwan é ‘extremista porque é solteira’

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PEQUIM — Em um artigo na imprensa estatal, a China afirmou que a nova presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, tem um ‘estilo extremista’ porque é solteira. Os dois governos vivem um momento de tensão enquanto a líder taiwanesa recém-empossada promete usar sua posição de poder para promover a democracia e a liberdade em seu país. A declaração chinesa contra a primeira presidente mulher de Taiwan causou indignação nas redes sociais.

A agência de notícias Xinhua publicou um artigo de opinião afirmando que Tsai Ing-wen não tem a carga emocional de uma família. Segundo o texto, é este fator que a guia para um estilo errático em suas posições políticas.

O texto assinado por um oficial militar foi removido do site da agência, mas ainda pode ser encontrado em outras páginas da internet que reproduziram o conteúdo.

“Como uma política mulher e solteira, Tsai Ing-wen não tem a experiência emocional do amor da família e dos filhos. Seu estílo político e estratégias são mais emocionais, pessoais e extremas”, diz o texto de Wang Weixing.

Muitos chineses emitiram declarações em apoio à presidente de Taiwan, que foi eleita no último mês de janeiro.

“Esta foi a coisa mais estúpida e ofensiva que já li em anos”, disse um usuário da rede social chinesa Weibo.

“Muitas mulheres no exterior admiram a tenacidade e a conduta de Tsai, especialmente o fato de que ela é forte e independente, sem precisar de um homem para ditar as regras”, escreveu outro usuário da rede.

TENSÃO APÓS POSSE

Em seu discurso de posse na sexta-feira, Tsai Ing-wen defendeu um diálogo positivo com a China, mas não se distanciará da cultura democrática de Taiwan.

— As relações através do Estreito se tornaram uma parte integral da construção da paz regional e da segurança coletiva — discursou ela a milhares de compatriotas. — As duas partes que governam através do Estreito precisam colocar de lado a bagagem histórica e se envolver em um diálogo positivo em benefício dos povos dos dois lados.

Em resposta, a China advertiu que poderá romper os vínculos oficiais com Taiwan caso Tsai Ing-wen não vá de acordo com o princípio de que a China continental e Taiwan são partes indivisíveis de um só país.

Desde 1992, a China considera Taiwan como parte do seu território e hoje tenta detectar qualquer sentimento anti-Pequim que possa dificultar ainda mais os laços com o Estreito de Taiwan. O Partido Democrático Progressista (PDP), de Tsai Ing-wen, é tradicionalmente simpático à independência da ilha.

— Os mecanismos oficiais de comunicação (entre Pequim e Taipei desde 2014) somente poderão seguir existindo se Tsai aderir ao consenso de 1992 (sobre existência de uma só China) — afirmou o porta-voz do Escritório de Assuntos Taiwaneses, Ma Xiaoguang, citado pela agência oficial Xinhua.

O PDP de Tsai venceu as eleições parlamentar e presidencial por larga margem em janeiro, uma reação do eleitorado à dependência crescente da China. A legenda assume o poder pelos próximos oito anos e sucede o governo do nacionalista pró-China Ma Ying-jeou, que liderou uma aproximação sem precedentes com o governo chinês.


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