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Chanel em Havana: moda de luxo desfila nas passarelas de Cuba

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HAVANA – Tudo indica que Gisele Bündchen assistirá ao histórico desfile da Chanel, hoje em Havana, ao lado do marido, Tom Brady. Mas a presença de Tony Castro, neto de Fidel Castro, que segundo rumores deve fazer sua estreia nas passarelas, promete ser a grande sensação do desfile no Paseo del Prado, no Centro da capital cubana. A participação do jovem de apenas 19 anos no evento, que deve reunir marcas do mundo inteiro, não foi confirmada pela grife de luxo, mas já é dada como certa por fashionistas.

O alemão Karl Lagerfeld apresentará sua coleção Cruise no boulevard a céu aberto, a apenas 300 metros do mar — o primeiro evento da grife na ilha. Reformado às pressas para a ocasião, a via reluz entre edifícios maltratados onde vivem milhares de cubanos que não têm acesso a serviços de luxo. As modelos locais foram escolhidos pela marca francesa no Hotel Nacional, disseram fontes envolvidas na organização.

No domingo, Lagerfeld apresentou sua mostra “Work in progress” num centro cultural de Havana. “A riqueza cultural e a abertura de Cuba ao mundo transformam o país numa fonte de inspiração para a Chanel”, disse a grife em nota oficial. “A coleção será inspirada nas cores do Caribe e nas referências estéticas de Cuba”.

Raúl Castillo, estilista mais popular em Cuba nos últimos 20 anos, está animado:

— É um sonho ver aqui, na Cuba socialista, o trabalho de um estilista como Lagerfeld — disse. — Quando formos um país normal, sem bloqueio, seremos o número um na moda.

Outros, no entanto, acreditam que a passarela será mais para Chanel do que para os cubanos.

— Não sei se as pessoas em Cuba estão prontas para este tipo de produto, para este tipo de proposta — questionou Idania del Río, designer de acessórios cubana de 33 anos e uma das empreendedoras que participaram de um encontro com o presidente Obama mês passado. — Mas estou muito curiosa como profissional. Quero ver o que é essa roupa de US$ 40 mil.

Um desfile da Chanel em Cuba é um paradoxo num país comunista que, durante décadas, levou o ideal igualitário até à vestimenta. Por décadas, os cubanos compravam o mesmo modelo de roupas e sapatos, tendência que foi desaparecendo nos últimos 25 anos, com uma cautelosa e lenta abertura do mercado. “Não existe nada mais feio que a padronização. Por trás dela está o desinteresse, a apatia, a alienação e tudo isso leva ao feio”, escreveu o escritor cubano Arturo Arango em um artigo publicado no site “On Cuba”.

Recuperação da indústria de moda é lenta

Na década de 1990, a moda cubana experimentou um revival, inclusive com o apoio do Estado, que abriu espaços para desfiles de moda e encontros sociais.

— Aqui as pessoas sabem costurar suas próprias roupas. Há muitos bons estilistas. Mas a recuperação da indústria da moda é muito lenta porque exige um mercado forte — acredita Idania.

Bruno Pavlovsky, diretor da moda de Chanel, descarta abrir uma loja da marca no país — são cerca de 200 no mundo inteiro.

— Mas por que não um dia? — sugere.


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