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Artigo: Ganhando votos, mas não corações

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As vitórias foram expressivas. As celebrações, efusivas. E as centenas de delegados se amontoavam uns sobre os outros. Mas os triunfos de Donald Trump e Hillary Clinton na última terça-feira mascaram um momento profundo, histórico e incomum: a maioria dos americanos não gosta dele. Ou dela. Mesmo em meio aos impressionantes números da noite de terça-feira, estrategistas lutam para se lembrar de um momento no qual mais da metade dos EUA mantinha opiniões tão negativas a respeito das figuras líderes nas corridas republicana e democrata.

— Não há uma eleição na era moderna em que os principais candidatos sejam tão divisivos e fracos — diz Steve Schmidt, um dos principais nomes por trás das campanhas de George W. Bush, em 2004, e John McCain, em 2008. — Nunca houve algo parecido.

Esse seria o momento em que — sob circunstâncias normais, e emergindo vitoriosos da luta interna do processo de escolha dos partidos — os líderes passariam a tentar atrair o eleitorado nacional, e em seus discursos de vitória, Trump e Hillary lançaram apelos, convocando os americanos a se unirem no apoio às suas candidaturas.

Mas Trump irritou muitos americanos com sua retórica inflamatória e propostas radicais. E Hillary, embora seja vista como uma política mais experiente e moderada, tem lutado em sua campanha para conquistar a confiança do eleitorado. Além disso, os dois são figuras conhecidas há décadas, e o povo já acompanhou suas polêmicas, vitórias, reveses e dramas conjugais. As impressões dos eleitores já estão fixadas, e é praticamente impossível que os EUA renovem seu olhar sobre os dois: de acordo com uma pesquisa do Gallup, 53% dos americanos têm uma opinião negativa de Hillary, e 63% não veem Trump com bons olhos.

— Estamos falando de duas figuras universalmente conhecidas — diz David Axelrod, ex-estrategista democrata. — Os fortes sentimentos que ambos despertam são incomuns em eleições.

Kent Moor, um democrata de 51 anos de Charlotte, na Carolina do Norte, tem mais que uma falta de simpatia por Hillary Clinton. Ele duvida de seus valores mais básicos.

— Ela não tem um centro moral — diz Moore, afirmando que a ex-secretária de Estado apoiou acordos comerciais que tiraram empregos do país, e apoiou a guerra no Iraque em 2003. — Como ela espera vencer Trump com um histórico desses?

Já Trump também não goza de uma reputação melhor entre os republicanos, e muitos deles dizem que somente uma completa transformação poderia levá-los a apoiar o magnata caso ele seja designado.

— Ele terá que ser uma pessoa completamente diferente — diz Steve Rogers, um engenheiro de Ohio que afirma que irá tentar “tampar o nariz” e apoiar Trump se ele for o escolhido do partido.


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